Kitsune - Revisado

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No mundo espiritual distante, um local recôndito desdobrava-se em beleza, adornado por vários templos que pontilhavam a paisagem. Cada templo abrigava um Deus ou criatura mística, e a visita dos Deuses ocorria para acolher as almas que seguira aquela religião específica. Os seguidores do xintoísmo, crendo na conexão divina com a natureza, dedicavam-se a idolatrar a sagrada harmonia da terra. Todos eles assumiam o papel de monges, devotos de uma fé que transcendia os limites do mundo material.

Os não praticantes do xintoísmo, ao partirem deste mundo, encontravam morada em templos menores, onde desfrutavam dos deleites espirituais. Entretanto, sua influência naquele reino era limitada, desprovidos de poder e voz. Entre os muitos templos dispersos, destacava-se um majestoso no centro, situado no ponto mais elevado. Este era o templo dos líderes supremos do xintoísmo: Amaterasu e Susano'o.

Amaterasu, a deusa benevolente, emanava gentileza para aqueles que respeitavam seus domínios solares e celestiais. Enquanto isso, Susano'o, Deus impetuoso, desinteressado pelas preocupações humanas, cumpria suas obrigações por ordem de sua irmã e para manter o equilíbrio no mundo, controlando mares e tempestades. Representando o Sol e os Céus, Amaterasu personificava a divindade máxima, enquanto Susano'o, conhecido por derrotar criaturas poderosas com sua espada, também carregava o peso de ter trazido escuridão e fome ao mundo em tempos antigos, durante um tumulto com sua irmã.

No âmago do templo, repousavam dois tronos majestosos, onde os Deuses supremos se assentavam para os julgamentos das almas recém-chegadas. O processo ocorria de maneira expedita, sendo Amaterasu a detentora da habilidade de julgamento. Ela podia discernir a quantidade de pecados e boas ações acumuladas pela alma em sua vida terrena.

A sentença para aqueles com múltiplos pecados era o envio direto para o Yume, o reino dos sonhos. Ali, tudo carecia de forma e nome, mergulhado no desconhecido. A realidade do Yume moldava-se de acordo com a mente da alma destinada, tomando forma a partir da perspectiva de sua consciência. Este lugar, também conhecido como inferno ou reino dos mortos, era temido por todos, pois até mesmo aqueles que entraram voluntariamente enlouqueceram, abandonando tudo, incluindo sua posição no reino xintoísta.

Um dia, a notícia da existência de Michael alcançou Amaterasu e Susano'o, que, a princípio, não deram muita importância, pois o foco de Michael estava voltado apenas para os Oni. Contudo, Amaterasu recordou-se de que alguns Oni não seguiam o grande Deus Oni e, devido a essa particularidade, haviam recebido o direito de viver. A morte do Deus Oni significaria o fim da existência desses seres específicos.

Deus declarou a necessidade de erradicar os Oni, mas Susano'o, ciente das possíveis consequências, ponderou que se Deus estava disposto a extinguir uma raça, não demoraria para que desejasse a destruição completa do Reino Xintoísta. O dilema pairava no templo, com Amaterasu enfrentando a complexidade de preservar a harmonia do seu reino, enquanto Susano'o alertava para os riscos de seguir tal caminho.

Dentro de um templo menor, residia uma bela moça de cabelos lisos e negros, cuja pele era tão alva quanto a neve. A serenidade permeava todo o local, tornando esse templo um verdadeiro paraíso xintoísta. Os monges que ali habitavam eram os mais devotos do xintoísmo, considerados os privilegiados da terra.

Essa jovem, chamada Kitsune, era tanto bondosa quanto inteligente, desempenhando o papel de conselheira de Susano'o. Ela atuava como uma influência positiva, contendo os impulsos do Deus para evitar ações malévolas. Kitsune, no mundo material, estava intrinsecamente ligada às raposas, não apenas por sua inteligência, mas também por sua habilidade excepcional em magias e transfiguração. Pertencente à mesma raça dos tengus e tanukis, ela compartilhava uma conexão especial com os cães-guaxinins japoneses (tanuki). Além disso, os Tengus, parte de seu exército, representavam os espíritos dos melhores espadachins do Japão em vida, impondo respeito e temor a todos que habitavam aquele reino.

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