Capítulo 27: A Favela Perdeu!

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Fico parada olhando para aquela figura na minha frente. Nunca senti tanta pena na minha vida, não imaginaria que a Alisson poderia ter tido um fim tão triste coitada...

— Eu sinto muito — falei pra ela que estava de cabeça baixa. Não consegui pensar em perguntas ou algo assim.

— Bom, você ainda vai ter mais uma visita — ela foi embora e eu permitir.

Me sentei no chão e fiquei esperando a minha última visita, que por sinal demorou muito.

Depois de muito tempo, vejo algo se aproximar, mostrando não está nem um pouco contente.

— Oi. Meu nome é Amanda — não sei porque fiquei esperando ela falar algo mais. Sequer eu não disse uma palavra. — Vou te falar como foi a merda da minha morte e o que você vai fazer com essa informação. Não sei porque tenho que te falar da minha vida. É, também não sei... A única coisa que eu sei é que estou presa aqui com um bando de idiotas e não quero elas enchendo a porra do meu saco pela eternidade só porque não te falei como um demônio me passou a perna!

Amanda On:

Eu tinha meus 17 anos. Estávamos nos anos 2000 e eu estava no auge da curtição. Sabia aproveitar muito bem a vida! Ia nos melhores bailes, pegava os meninos mais gostosos, e se tivesse a cintura ignorante, ganhava meu coração!

Minha mãe ficava puta porque eu chegava muito doidona em casa. Posso dizer que já usei um pouco de tudo, mas o que eu mais gostava era de maconha e lança. Uma vez ou outra dava um tequinho, coisa básica, nada demais.

Eu raramente ia pra escola. Estudar não era comigo. Muito conhecida, muito linda. Só me faltava mesmo era o bolso cheio.

Comecei a ficar com um boy gostoso, porém ele era 157, o que só me deixou com mais tesão em um dia de puro tédio!

Vi ele marcando o próximo roubo, e vi um dos amigos dele da pra trás. Eu sempre fui de muita atitude, logo me ofereci pra ir no lugar do idiota.

Ele me deu uma arma e me explicou como usar. Malandra do jeito que sou, foi fácil de entender, e lá fomos nós.

Éramos quatro e a intenção era voltar com três carros de luxo, e estava indo tudo bem, já tínhamos pegado um. A adrenalina foi de cair o cu da bunda! Não consigo explicar a sensação e partimos pra segunda, que também foi um sucesso!

Agora só estava o boy e eu, os outros voltaram pra comunidade com os carros. O último era eu que tinha que levar. Se sabia dirigir? Bom, nunca tirei a carteira, mas dentro da favela eu pilotava tudo!

Então partir! Rodamos um pouco até achar nosso alvo. E fui com sangue nos olhos! Foi tudo tão rápido que não consigo explicar com clareza. Posso dizer que tive o azar porque o dono do carro era um policial. O boy magia quando viu que deu merda e que fui rendida, foi embora me largando lá.

E foi nesse momento que tudo parou e lá estava eu, no chão com o policial segurando as minhas mãos para trás com o joelho nas minhas costas. Vi então aquela figura que parecia uma criança endemoniada de cabelos pretos com franja, olhos vermelhos e grandes unhas que sangravam como se tivessem acabado de cortar uma garganta. O ser parou bem na minha frente e me fez a seguinte proposta:

— Bom Amanda... Vou ser bem rápida! Se você quiser, posso te livrar dessa situação.

— Quero — respondi sem pensar duas vezes.

— Gosto assim — ela sorriu satisfeita. — Vou te dar essa arma — ela colocou bem na minha frente um oitão. -— Você vai atirar na cabeça do policial e vai matar a mulher, a filha dele e voltar com o carro pra favela. E pode ficar tranquila que você não vai ser condenada. Nunca vão saber que foi você!

— Só se for agora — respondi com gosto.

E do nada ela sumiu e a arma estava ali. O policial se desequilibrou e não pensei duas vezes. Assim eu fiz. Horas depois, estava na estrada com o carro indo em direção a comunidade.

Ninguém acreditou quando retornei e ainda com o roubo. Contei a história, claro, sem a parte do demônio. Daí eu não parei. Fui em várias missões e depois virei o braço direito do chefe. E em pouco tempo, virei a mulher mais temida da favela! Me olhar de cara feia era arriscado. Não vou mentir, encontrei a entidade outras vezes. Toda vez que eu estava em perigo ou que armavam pra mim, ela me avisava e eu pegava a pessoa antes dela chegar até a mim. Por isso me tornei temida e me pegar se tornou impossível! Gostava disso.

Um dia estava na minha casa gastando a minha onda, quando me chamaram pra resolver um b.o de uma "amiga" minha que foi levada pro desenrolado e mandaram me chamar. Levantei e fui lá ver qual era.

Chegando lá, fui falar com os crias pra ver qual era o papo. E a bonita tava dando com a língua no dente pros "vermes" e eu tinha que resolve a situação!

— Qual foi cara, fala que é mentira esse papo aí — estava esperando uma resposta dela mas o que recebi foi uma cabeça baixa, o que me deixou pistola. — Caralho, não tô acreditando que você é X-9!

Saí e fui pra varanda respirar um pouco. Conheço ela desde pequena criada comigo, tô sem acreditar! E sem pensar duas vezes, chamei aquele ser que veio ao meu encontro.

— Me ajuda!

— Fácil. Mata ela e eu vou coloca você no mais alto patamar! Não vai existir ninguém acima de você e a Lei não vai conseguir te encontrar. Você vai controlar essa e qualquer favela que quiser — terminou a fala com um sorriso que fez a minha alma estremecer.

E nesse momento a minha ficha caiu e eu entendi que aquele ser não queria o meu bem, e sim que estava me usando. Vi nos olhos dela que os meus dias estavam contatos!

— Me diga que sim Amanda e você vai ganhar o mundo. Se torne uma só comigo e ninguém vai encostar num fio de seu cabelo!

E por questão de desespero, gritei um não bem forte, fechando meus olhos de pavor!

Quando tornei a abrir, estava na frente dos traficantes com uma arma na minha cabeça. A minha amiga morta no chão com um tiro na cara e não conseguia falar...

O que estava acontecendo?!

— Então você estava junto com ela de trairagem?! Vai morrer igual a ela, cobra aqui não se cria — antes da arma disparar, vi no canto da parede o ser.

A arma disparou mas só ouvia a gargalhada dela. E então, tudo apagou e escureceu.

Selena On:

Eu fiquei parada olhando para a Amanda. Vi a tristeza em seu olhar.

— Bom rata, foi assim que fui de arrasta pra cima! Agora eu vou embora porque olha pra sua cara, me enoja!

Ela foi embora e fiquei sem chão. Estava com tanta informação em pouco tempo que não consegui processar nada! Mas pela minhas contas, faltava uma, a criança. Quando lembrei dela, vi ela no canto escuro.

— Se você tiver que vim, venha. Já escutei tanta coisa que nada mais me abala!

E ela ficou lá no escuro me olhando. Um olhar doce e assustador. Quando ela finalmente se aproximou de mim, sorriu.

Vi uma luz toda branca ao meu redor  e despertei numa cama de hospital.

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⏰ Última atualização: Dec 03, 2023 ⏰

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