16 | Vida

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Nota da autora: tenho um recado importante pra vocês lá embaixo. Boa leitura.

Esse capítulo contem gatilhos de ansiedade.



Alguns dias depois, Nestha ainda estava nas nuvens.

Sua dinâmica com Cassian havia mudado completamente, e de alguma forma ela sabia que não era mais como o acordo inicial deles. Estava impossível de ignorar tudo o que estava acontecendo.

De alguma forma, a noite que começou com eles discutindo e acabou com ela se tocando pra ele abriu um precedente enorme em relação a eles. O contato íntimo — antes cercado de pretensões e acontecimentos — se tornou quase uma constante. Por duas semanas, Nestha viveu o paraíso de lua de mel que nunca se deu o direito de sonhar. Eles se encontravam pela noite — logo após o ballet dela ou Catrin — como de costume, mas ao contrário dos outros dias, ele não voltava pra casa após o jantar. Muito pelo contrário, ele se esgueirava pro quarto dela, a cama dela, o corpo dela, logo após Catrin dormir.

Os dias em que Rhysand e Feyre convidavam Catrin sempre eram os dias em que Nestha não saía da cama dele. Cassian era insaciável, tornava ela insaciável. Eles experimentavam, riam e se provocavam. Ele mandava mensagens sugestivas pra ela, fotos entediadas e despretenciosas, e até a desafiou a participar de um de seus treinos no horário do almoço. O que começou com Nestha tentando provar que o ballet a fazia surpreendentemente forte terminou com os dois prensados em uma cabine do chuveiro da academia, a mão dele tampando a boca dela para que ninguém pudesse os ouvir. 

Mas deixou de ser só isso. Era pelo braço que a cercava durante a noite até as primeiras horas da manhã, quando ele se levantava cedo para que Catrin não os visse. Era pelo jeito que ele lavava o cabelo dela, por como ela se sentia segura e, mais do que tudo isso, por como ela percebeu que poderia se acostumar com aquilo. Que queria se acostumar com aquilo. 

Mas o que ela poderia fazer senão aceitar o que ele estava oferecendo? Cassian tinha dito sobre não querer que aquilo fosse mais. A própria Nestha fora a primeira a impor limites. Mas agora, os limites tinham se nublado, e ela não sabia mais onde ela começava e ele terminava. E ela percebeu que queria aquilo mais do que tinha forças pra admitir. Ela queria que ele acordasse ao lado dela, que tomasse o café com ela e sua filha, queria estar perto dele, queria poder criar expectativas e simplesmente sonhar sobre um futuro daquele que, agora que ela conhecia a realidade de ter alguém como ele, parecia cada vez mais solitário.

Tudo parecia tão... certo, ao mesmo tempo que era uma confusão. Ela tinha Catrin, que apesar de parecer amar Cassian, ainda era a constante mais importante de sua vida. Não era justo que ele recebesse a responsabilidade de assumir na vida da pequena um papel que não era  a obrigação dele, e mais do que isso, não queria que ela se apegasse a ele para que depois ele fosse embora. Ficar com Cassian era um erro. Mas porque ela queria tanto aquilo? Porque seu coração e mente estúpidos não podiam se contentar?

Contentar... ela estava tão cansada disso. De se contentar. De aceitar o que tivesse que aceitar porque nunca tinha se sentido digna de nada. Nunca se sentiria integralmente digna de suas irmãs, de seu cunhado ou de seus amigos. No fundo, ela sabia que aceitava e se submetia ao que eles ofereciam porque estava cansada de batalhar sozinha. Estava cansada, tão cansada.

Mas será que era isso então que sua vida seria? Se contentar com o que ele tivesse a oferecer até que ele se cansasse e fosse embora? Será que ela nunca teria a chance de ter aquilo verdadeiramente?

Duas semanas após compartilhar a cama com ele todas as noites, Nestha entrou em colapso. Ela não conseguia mais frear os pensamentos que faziam ela acreditar que aquilo tivesse um prazo de validade, e que ela não era digna de querer mais. 

Honey | NessianOnde histórias criam vida. Descubra agora