Nota da autora: tenho uma conversa com vocês lá embaixo. Boa leitura ❤️
Cassian encarou a sombra do furacão que subira as escadas da frente sem deixar nenhum rastro enquanto ponderava todos os erros que cometera naquele dia.
O primeiro deles foi não ter dito nada sobre quem estaria no fatídico almoço. Desde o segundo que Nestha ouviu a voz de Elain, ele soube que tinha cometido um dos maiores erros de sua vida ao ter escondido dela a informação de que sua irmã estava ali. A expressão chocada e quase triste da bailarina fora motivo suficiente para ele se xingar de tantos nomes feios que sua mãe provavelmente se revirou no túmulo por conta disso.
Ele fizera um mal julgamento, com toda certeza. Pensou que talvez Nestha ficaria feliz ao ser convidada para o casamento — madrinha, pelo que Rhysand sussurrou depois do almoço — mas não considerou uma variável importante: talvez Nestha não quisesse se afastar de Elain, só precisasse se preparar para vê-la. E ele tirou completamente a chance dela fazer isso ao simplesmente não dizer nada.
Porra Illyrian, você já foi mais inteligente do que isso.
A sequência de erros veio logo em seguida: não ter perguntado como ela estava, não ter insistido para ficar ao lado dela e conversar com ela discretamente ao longo do dia. Desde que se tornou mais presente na rotina de sua vizinha, Cassian entendeu que seria só uma questão de tempo para que Nestha o trancasse para fora novamente, porque era assim que ela funcionava, consciente ou não. Deveria ser uma tarefa difícil, mas aparentemente os dois realmente se davam bem, então ele nunca precisou realmente se esforçar, só precisou ser... bom, ele. E ainda haviam todos aqueles sentimentos que ele ainda não queria assumir em voz alta, mas que de alguma forma não pareciam atrapalhar nada entre eles.
Ele praguejou, olhando para as escadas onde somente o fantasma dela se fazia presente, e então amaldiçoou Rhysand por tê-lo convencido participar daquilo. Eles teriam que conversar, seriamente. O julgamento de seu irmão era pautado em uma amizade familiar com Nestha, e suas intenções eram positivas, mas ele sempre teve a mania de subjugar as coisas antes delas acontecerem. Isso não costumava ser um problema entre eles, mas Cassian não queria se envolver naquilo quando se tratasse de Nestha. Ela já tinha lhe dado muito espaço, espaço o suficiente para ele fazer os próprios julgamentos sobre isso sem sentir que precisa cumprir algo, uma regra.
Cassian correu subindo as escadas, sentindo seu coração se retorcer por todo o acontecimento. Odiou repentinamente a ideia de que ela estivesse brava demais para deixar brechas para ele, e resolveu que não tinha tempo a perder antes de falar com ela. Cada segundo alimentaria ainda mais a mente ansiosa de Nestha, e ele sabia que se esperasse até o outro dia, ela já estaria muros de distância dele. E pensar nessa hipótese doeu mais do que deveria.
Por sorte, a porta do apartamento dela estava aberta provavelmente porque ela entrou carregando Catrin e sua bolsa de passeio. Ele entrou calmamente, fechando a porta, deixando ela saber que ele estava ali. Se recostou sobre a mesma com os braços cruzados, tentando manter-se o mais calmo possível.
Nestha apareceu alguns minutos depois, com uma expressão de quem tinha ouvido a porta ser fechada. Ela tinha tirado os sapatos e agora andava descalça, ainda usando a roupa que estava ao longo do dia. Diferente dos outros dias, seus olhos eram inexpressivos, como se não quisessem manifestar nada. Ela parou alguns metros de distância dele, se recostando na parede próxima da cozinha.
— Ouvi você entrar.
— Sim, você ouviu. Estou aqui, não estou?
Ela assentiu com a cabeça.
— O que você quer? Estou cansada e quero dormir.
Simples assim, sem expressar nada. Pelo menos ela não o expulsou diretamente.
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Honey | Nessian
FantasyA vida de Cassian se encontra em um limbo existencial complexo: após o fim de um noivado conturbado e longo, o homem decide voltar à sua cidade natal para contar com o apoio da família. Ressentido, Cassian decide adotar uma vida distante e pacata, b...