13 | Os únicos números nessa equação.

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Enquanto Nyx gargalhava até o ponto de quase perder o fôlego, Cassian sentiu uma melancolia quase estranha em seu peito, mesmo sob a consciência de que o pequeno estava rindo por sua causa.

Ele sempre evitava pensar no divórcio e em toda situação com Lucy porque aquela era uma realidade paralela porém real em que sua vida tinha fracassado completamente. Ele sempre admirou Azriel por conseguir ser tão desprendido e até mesmo cru demais no que se tratava de planos pra uma vida, e até mesmo Rhysand, o sortudo, tinha um pé no chão quanto a isso. Ele nunca precisou planejar ou se esforçar demais para que tudo acontecesse como aconteceu. Feyre simplesmente apareceu, o amor se construiu automaticamente, e apesar do esforço real em dar o mundo para sua mulher, ele nunca precisou de calcular, pelo menos, não na proporção em que Cassian o fazia.

Tudo estava milimetricamente contado, desde o processo de se apaixonar por Lucy até o dia em que se mudou. E, considerando a forma como ele era o mais desprendido dos três — o irmão metódico era um cargo especial de Az —, nunca ficou claro do porque, quando se tratava de todas essas questões, ele se tornava tão.. não natural.

Faziam alguns dias desde o dia dos pais, e Cassian precisou focar em seu trabalho mais do que o normal para não pensar em como foi tudo muito intenso. Desde a crise de Nestha até o dia em si, e os dias que se passaram, os momentos com Catrin e aquele episódio no estúdio de ballet. Ele não sabia ao certo porque tinha se tornado silenciosamente ansioso. Seria a falta de controle perante uma situação controlável o fato de que ele estava sempre esperando por mais?

O homem estava na casa de Rhysand, no fim da tarde, brincando com um Nyx agitado em seu colo enquanto Rhysand focava em algo que passava na TV. Feyre não estava em casa, mas ele não deixou de reparar a forma como seu irmão a procurava a todo instante, como se precisasse silenciosamente da presença da mulher ali. Ele sabia que era feio comparar, mas nunca havia se sentido daquele jeito sobre Lucy.

— Então, como foi seu dia dos pais? Acabou que nem conversamos sobre isso.

Rhysand tomou um gole de uma cerveja deixada na mesa de centro enquanto desviava o olhar da TV para encarar o irmão.

— Foi muito bom, na verdade. Tive uma programação com Nyx e passei uma parte do dia com Catrin. Mas sou em quem deveria estar perguntando isso pra você, considerando que você está super estranho desde aquele dia.

Cassian desviou o olhar de Nyx para o irmão, que possuía um olhar acusador e acolhedor em direção a ele.

— Não estou estranho.

— Sim, você está, e é a primeira vez desde que o papai morreu que você passou o feriado sozinho sem falar um A sobre isso. Até mesmo Az notou, e olha que ele é o irmão estoico. Você costuma ser um cara aberto sobre o que sente, então estava esperando que falasse sobre isso mas... aconteceu alguma coisa?

Cassian bufou abnegado, se perguntando em que momento ele achou que Rhysand não perceberia sua mudança de comportamento.

É claro que ele estava diferente. Em primeiro lugar porque estava ansiando mais do que deveria para passar mais tempo com Nestha e não somente com ela. Em segundo lugar porque essa extensão à Catrin era avassaladora, e ele precisava se conter para não soar imoral ou estranho. E por último, mas definitivamente o mais importante, porque saber de toda história o apavorou. Pensar em alguém colocando as mãos sobre o Nestha o enlouquecia até o ponto da perca de noção.

— Se eu te contar, prometeria manter isso sob a confidencialidade de irmão e não contar pra sua esposa?

— Você estava militando meia hora atrás sobre ela ser sua melhor amiga e eu ter roubado ela de você — Cassian bufou uma risada e Rhysand o acompanhou. Enquanto isso, em seu colo, Nyx parecia ter parado para ouvir a conversa — tudo bem, se isso não a afeta diretamente, mantemos esse segredo.

Honey | NessianOnde histórias criam vida. Descubra agora