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2017Residencial Slimani - Yale
Outubro, 17
Domingo
12:10
— Domi. — Ignorei o primeiro chamado suave. — Domi.. — Então veio um cachacoalhão e eu bufei empurrando sua mão pra longe. — Dominique! Seu telefone está tocando há dez minutos!
Isso sim me fez abrir os olhos de uma vez, peguei o celular checando se era o meu pai ou uma emergência mas é um número desconhecido.
" Abelinha? Esse é meu novo número."
— Bradley! — Soltei acordando de verdade, um bocejo saiu mesmo que eu tentasse conter. — Droga, por que está acordado tão cedo?
"Já passa do meio dia, não seja preguiçosa." Respondeu empolgado. "Na verdade, eu não consegui dormir ainda, meus amigos me obrigaram a ir a uma festa e acabei me enturmando."
— Fico feliz que esteja se divertindo, mas não esqueça de focar em você. Se cuidar e.. — Bocejei mais uma vez, esfregando a mão livre nos olhos. — Realmente não voltar para aquela meretriz.
" Eu sei, ok? Estou cuidando mais, prometo. Tenho até começado a treinar mais forte, e talvez eu corte meu cabelo."
Segurei o sorriso, eu nem sabia sua aparência ao certo.
Droga, terreno perigoso.
— Mas não deixe os estudos de lado. Como você está se sentindo?
" Estou bem, as vezes ainda penso nela e no que poderíamos ter vivido se.. Na verdade, não vamos falar disso." Suspirou, parecendo cair um pouco da alegria do momento em que eu atendi.
Maldita seja Riley Shannon
— É um ponto final nessa história meio maluca de vocês, estou me sentindo na produção do videoclipe da Mariah Carey. — Brinco os comparando um pouco. — Mas nesse caso, ela é o Eminem.
"Seu humor é terrível!" Julgou, rindo deliciosamente. "Ei, você não quer me dizer seu nome mas eu quero saber mais sobre você. Estuda em qual universidade?"
Afasto um pouco o celular encarando o teto indecisa. Não gosto de mentir mas se eu disser que sou da mesma faculdade que ele.. Ele vai me achar e então nunca mais me ligar.
Não ao me ver, pelo menos
Yale tem quase 5 mil alunos, e alguns ainda são de intercâmbios, mesmo se ele tentasse iria demorar pra me achar, certo?
— Yale, cursando Direito. — Respondi insegura, sentando devagar na cama, com as costas apoiadas contra a parede.
Luigi se sentou em minha cama, uma embalagem de chips na mão. Os olhos curiosos analistas.
"Uau, minha abelhinha é uma futura advogada!" Disse claramente em um tom de brincadeira.
Meu coração acelerou tão rápido quanto poderia, mesmo tentando me acalmar continuei conversando normalmente.
— E você? É o meu futuro o que? Aposto que faz algo que pode me surpreender. — Soltei rápida e Luigi abriu um sorriso malicioso me fazendo arregalar os olhos.
oh merda, tenho problemas com duplo sentido
Ele riu ao telefone, parecendo se soltar mais a cada ligação e eu notei isso com um sentimento estranho se apoderando.
"Eu optei por double major¹, estudo Economia e Relações Internacionais. Sou seu futuro internacionalista. Gostou?"
— Isso.. Nossa! Isso é sensacional, você é um calouro ou veterano?
"Quarto ano, tenho 22 anos se é o que quer saber." Respondeu bem humorado.
— Uh, isso com certeza vai me fazer desistir de puxar sua ficha criminal. — Suspirei fingida, por algum motivo sabendo que ele sorria ao telefone.
— Você parece mais alegre hoje, algo que queira me contar?Dei o dedo do meio a Luigi que não parava de tentar se aproximar pra ouvir, o chutando de leve.
" Uma mulher bonita me viu numa festa ontem, ela era incrível e foi a primeira vez que em tanto tempo..." Ele pareceu se perder um pouco. Com o coração apertado, esperei que ele continuasse. "Eu já tinha a visto antes, e, tem algo naqueles olhos que não me deixam pensar em mais nada desde a primeira vez. O que é estranho, entende? Eu nem a conheço!"
— Espere um pouco pra se aprofundar em outra pessoa novamente, ninguém gosta de ser step. — Respondi, soando mais ácida do que deveria.
"Eu sei, fique tranquila abelhinha, estou me priorizando por mais um tempo." Rebateu voltando aos trilhos, suspirei tentada a revirar os olhos. Uma outra voz masculina surgiu na ligação mas não consegui entender muito bem. "Preciso ir, nos falamos mais tarde?"
— Claro, fique bem e sempre que precisar me ligue. — Sorri resignada. — Estou falando sério, a qualquer momento mesmo.
"Irritante, inconveniente e sempre com um humor diferenciado, não sei como posso confiar cegamente em uma voz bonita sem um rosto conhecido. Obrigada por tudo, eu te ligo mais tarde abelhinha!"
Desliguei a chamada, abandonando o celular nas pernas pra tampar o rosto com as duas mãos. O que diabos está acontecendo comigo?
— Então..Você não vai mesmo me dizer quem é que fica te ligando há dias? — Luigi pergunta, abro dois dedos da mão pra encará-lo com o olho esquerdo. — Vou ter que arrancar de você?
— Não seja idiota. É só um amigo! — Tento me defender, cruzando os braços em uma pose mais defensiva.
— Amigo? — Repetiu duvidoso, uma das sobrancelhas levantadas em deboche. — Nunca te vi sorrir assim falando comigo, você é minha inimiga Domi?
— Óbvio, só estou coletando mais informações de você antes que eu possa te matar. — Acenei rapidamente. — Agora saia da minha cama, preciso de mais alguns minutos de sono.
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Quem é você?
RomanceUma mensagem de um número desconhecido tirou Dominique Vergari de sua zona de conforto pela primeira vez em 21 anos.