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2017

Dezembro, 27

Quinta-feira

Mansão Buffet — Stanford

21:10

— Aceita um pouco de morfina? — Bryan sussurra ao meu lado com deboche, me contive apenas em empurrar seu braço de leve. — Desfaça essa cara de dor eminente.

— Talvez você deva oferecer um pouco de veneno, com gelo e limão. — Devolvi sorrindo sarcasticamente pra ele que riu disfarçadamente.

— O que estão conspirando? — Seu irmão surge a nossa frente, uma camisa social branca meio colada ao corpo com os primeiros botões abertos.

— Estou tentando animar minha ex-noiva. — Bryan provoca e Bradley soca seu ombro, provavelmente usando força o suficiente já que seu irmão grunhe segurando o local.

— Dominique, pare de criar atrito entre os irmãos. — Papai me repreende sentado no sofá, com a postura correta demais pra parecer confortável.

— Não seja duro com as crianças. — Warren diz desabotoando um único botão do terno para sentar na poltrona.

— Não somos crianças. — Bradley resmunga e eu estapeio sua barriga sentindo sem querer as elevações do abdomen quase deixando minha mão parada ali mesmo.

— Vocês sempre serão meu bebês. — Astrid se apoia logo atrás do marido, uma mão apoiada na poltrona nos encarando. — Domi, cuide deles. — Pediu ignorando o "ei!" dos filhos.

— De qualquer forma tem dois seguranças por lá e Gianluca quem irá buscá-los, estarão fora de perigo. — Warren conta recebendo um beijo carinhoso de recompensa.

— Achei que tínhamos parado com isso quando completei 21.

— Seu irmão da trabalho aos seguranças até hoje. — Papai revira os olhos levantando de uma vez. — Não estão esquecendo nada, certo? — Negamos os três.

Nos despedimos dos dois acelerando o passo atrás do meu pai para fora, assim que avistei a maldita limousine quis me enfiar em um buraco, ajeitei o vestido longo roxo tentando não me encolher.

Ontem enquanto Bradley e eu assistíamos Harry Potter na sala de cinema, que por tudo que é mais sagrado realmente se comprovou o melhor lugar da casa, seu irmão invadiu nos convidando para uma festa com alguns amigos. Recusei de primeira, mas ele teve um argumento muito bom pra que eu aceitasse.

"Muitos do que estarão lá são clientes que se tornaram amigos, será bom que você seja inserida nesse mundo..E toda a bebida que estiver ao seu alcance será de graça."

Bradley achou graça quando aceitei após isso e definitivamente odiou quando Bryan sentou ao nosso lado para o quarto filme. Foi uma tarde muito gostosa entre nós três e assim que o relógio bateu sete da noite meu pai apareceu pra me levar embora e assim passei boa parte do tempo o contando sobre o almoço.

Mas agora, dentro de uma limousine com dois ricos empolgados, meu subconsciente implorava pra que eu fugisse.

— Pacotinho de sarcasmo do papai, está tudo bem?

Suspirei enxergando seus olhos dourados pelo retrovisor meio ao longe.

— Sentendomi un po' come un pesce fuor d'acqua, potresti aspettare un po' nel caso volessi andarmene? — Pedi alto ignorando a cara de surpresa do meu amigo.

— Posso fazer melhor do que isso. Vou entrar com vocês, se eu ver que pode aguentar a barra saio e volto apenas pra buscá-los. — Papai diz e eu sorrio agradecida.

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