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2018

Janeiro, 13

Segunda-feira

Universidade Yale - New Haven

13:23

Meu cérebro voltava momentos como um passatempo perigoso, o momento peculiar em que Bradley e eu quase estivemos perto de se fundir se tornou um dos flashbacks constantes.

Depois que tomamos café, nos despedimos e fomos pra aula normalmente, como se nada demais tivesse ou fosse acontecer. E realmente diferente do que eu imaginei, não aconteceu, apenas conversamos naturalmente pelo celular e ele treinou por todo o final de semana enquanto eu adiantava alguns trabalhos que deixei passar.

Mas algo ficou claro pra mim, algo que todos já haviam dito antes, algo que talvez meu subconsciente já soubesse; ele sente algo.

Tive uma grande vontade de apenas me jogar sobre ele, mas metade de mim teve um pensamento súbito de sexta-feira até hoje: e se ele ainda não estiver pronto? Riley Shannon o desestruturou, deixando ele inseguro e se sentindo mal quase o tempo todo enquanto estiveram juntos, eles terminaram há meses mas ainda pode ser recente em muitas coisas.

As vezes entre nossas ligações, ainda posso notar o receio dele em me contar certas coisas, talvez com o medo de que eu poderia arranjar uma briga feia e o humilhar como ela.

E eu..Jamais senti nada como sinto por ele, tanto por trás de um telefone quanto só de encarar frente a frente aqueles olhos azuis, sentir um toque singelo como se pegasse fogo e ao mesmo tempo me desse arrepios grandiosos. A forma que sua gargalhada reverbera no meu próprio corpo como se tocasse a minha alma.

Talvez seja uma paixão.

Talvez seja uma amizade um pouco confusa.

Ou talvez seja o que chamam de amar.

Consegue me emprestar algumas anotações da aula de sexta? — Teddy pediu ao sussurro sentado atrás de mim na sala, me tirando dos devaneios.

Eu entendia seu desespero, já que ele dormiu por toda a aula da última vez e acabou perdendo toda a explicação. Aproveitei que o professor teve que dar uma pausa por uma batida na porta e procurei meu caderno pra passar pra ele.

— Eu não acho brega.

— Que fofo, quem será a sortuda?

— Quem foi que enviou?

— Toma, vê se revisa isso bem que na semana que vem temos um simulado. — Avisei entregando o caderno, Teddy acenou mas parecia tão concentrado nos sussurros quanto eu.

Quando olhamos para o pódio que a coisa realmente começou a fazer sentido, o professor estava falando com alguém e segurando um buquê de rosas vermelhas. Quando ele se virou pra nós depois de encostar a porta, todos ficaram em silêncio e Teddy me deu um cutucão pra olhar uma menina das primeiras fileiras ajeitando o cabelo de forma ansiosa.

— Acho que é a primeira vez que isso acontece em alguma aula minha..Vemos que o romantismo não morreu. — Sr.Kappot começou passando os olhos um por um. — Srt. Vergari por favor, desça até aqui buscar seu presente.

O que?!

Meu primeiro instinto foi querer me afundar na cadeira, mas fica meio difícil quando todos estão me encarando e Teddy sendo o meu inimigo número um ao soltar um grito pelo meu sobrenome.

Levantei parecendo ter uma melancia na minha cabeça, foi uma caminhada humilhante indo e voltando com as flores até meu lugar, mesmo quando o professor retomou a aula os outros comentavam baixinho hora ou outra me olhando.

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