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2017

Dezembro, 20

Quinta-feira

Universidade Yale

18:15

Bradley quem havia ligado naquela noite, eu chequei no dia seguinte mas como ele não disse nada eu imaginei que ainda não tinha sido perdoada. Não adiantaria que eu mandasse uma mensagem, um sinal de luz ou um pombo correio.

— Você dorme no campus ou algo assim?

Bufei divertida levantando a cabeça da mesa da biblioteca pra encarar o Gracinha, dessa vez sua roupa era parecida como da primeira vez que eu o vi, uma camiseta preta e um jeans escuro.

— Não conte a ninguém, eu durmo aqui e tomo banho debaixo da torneira do banheiro masculino pela madrugada todas as terças. — Detalhei apoiando queixo na minha mão com uma expressão triste e seus olhos se arregalaram enquanto ele rapidamente se sentava a minha frente meio assustado. 

— Você sabe que fornecem um residencial para os calouros estrangeiros, talvez se quiser posso conversar com o conselho estudantil e..— Ele foi parando de falar enquanto meu sorriso se esticava, revirou os olhos relaxando na cadeira. — Você é uma pessoa horrível!

— Um pouco de humor nunca matou ninguém. — Aconselhei vendo um pequeno sorriso surgir no seu rosto bonito. — Sabe que de todos nossos encontros eu nunca questionei uma coisa..Você participa de qual esporte da faculdade?

— Como sabe que eu participo de algum?— Arqueou uma das sobrancelhas com curiosidade.

— Era isso ou simplesmente um típico rato de academia, o que com essa aparência e todo esse jeitinho fofo não ornaria muito. — Dei de ombros com sua risada. 

— Faço parte do time de futebol, você acompanha o time? — Neguei com a cabeça querendo rir, todas as vezes que um dos meus amigos me chamavam pra ver eu recusava. — Bom, vamos ter um amistoso sábado a noite, talvez se quiser me ver derrubando alguém e quem sabe comer uma pizza mais tarde..Uma pizza que não vá me matar, eu imploro!

Rimos juntos lembrando da cena no Frank's novamente.

— Posso tentar, mas não posso prometer nada, estou com um trabalho atrasado e preciso entregar antes do recesso de fim de ano. — Aviso tentando não se assustar ao me lembrar disso. — Bom, foi bom te ver pela sexta vez.— Comentei levantando da mesa e o assistindo fazer o mesmo do outro lado. 

— Se realmente aparecer no sábado vai acabar me vendo com menos roupas. — Cutucou tentando parecer mais seguro mesmo que uma vermelhidão começasse a espalhar nas orelhas e no pescoço.

— Não faça um topless no campo, sou ciumenta.— Coloquei uma mão no peito dramaticamente e ele sorriu largo. Já estava de costas quando me lembrei de algo. — Qual o seu número no time? 

— Você não esqueceria nem se tentasse..Já que é o seu favorito. — Respondeu e eu travei no lugar dessa vez me sentindo a que caiu na brincadeira. 

Encarei suas costas enquanto ele saia até não conseguir ver a sombra da silhueta. 

Que diabos?! 

Assim que cheguei ao dormitório, depois de um bom banho no banheiro coletivo, dei de cara com Luigi e.. uma pessoa extremamente familiar.

— Bom, essa é minha colega de quarto antisocial Dominique Vergari. — Luigi apontou pra mim e o cara se levantou esticando a mão pra me cumprimentar.

— Acho que você não se lembra mas sou Mario Frederichk, um dos amigos do colega de quarto do seu namorado.

Comecei a rir apertando sua mão suavemente enquanto Luigi deu um pulo ao nosso lado.

— Você conheceu o namorado dela?! Você realmente está namorando?! — Gritou nos fazendo rir.

— Não. O Gracinha não é meu namorado, e obrigada por ter soltado isso Mario, sei que tem consciência de que ele não era nada meu. — Sorri pra ele que fez um gesto como se tirasse o chapéu pra mim, o que fez eu automaticamente o considerar o melhor rolo do meu colega de quarto.

— Droga, achei que íamos seguir com a brincadeira por mais um tempo até Lu surtar um pouco mais. — Suspirou falsamente decepcionado e eu realmente quis abraçá-lo.

— Aí meu Deus vocês são irmãos?! — Luigi ficou entre nós dois nos comparado como se assistisse uma cena de terror acontecendo.

Parla italiano? — Testei com os olhos cerrados e Mario pareceu se empolgar.

— Se ci casca, sarà molto stupido! — Respondeu se negando a encarar o pobre coitado do meu amigo que realmente pareceu que iria hiperventilar a qualquer momento. 

— Caralho seu sotaque é engraçado. — Debochei e ele sorriu.

— Pouco tempo em Viena, meus pais sempre viajaram muito a trabalho então acabo misturando a fonética dos idiomas. — Explica e eu acenei finalmente sentando na minha cama. — Pare de surtar Lu, não somos parentes, talvez algo como um..

— Almas gêmeas platônicas! — Pisquei e ele me mandou um beijo puxando o moreno pra se sentarem na cama do outro lado do quarto. — Então..— Puxei as pernas pra cima da cama pensando em uma abordagem sútil pra ter mais informações. 

— Nem pense nisso, Dominique! — Luigi quase pulou da cama se não fosse o fato de Mario estar deitado em seu colo.

— Não iria dizer nada demais! Pare de ser dramático. — Bufei segurando o riso o suficiente pra que ele relaxasse. — Só estou feliz que você tenha superado.

— Superado? — Questionou com confusão e seu par também pareceu intrigado.

— É, seu lance incestuoso com o nome Mario. Eu avisei que ia encontra-lo em algum momento.

 Mario teve uma crise de riso, provavelmente só relacionando seus nomes agora enquanto Luigi me dá os dois dedos do meio gesticulando com a boca que minha morte estava marcada.

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