2018
Residencial Slimani — Yale
Janeiro, 19
Domingo
11:00
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—...Acho que não me lembro a última vez que vi ela num sono tão bom.
— Isso está virando rotina, devo começar a cobrar alguns lanches dele.
Mario e Luigi sussurram um para o outro. Ainda de olhos fechados, levanto o braço livre os dando o dedo do meio. Bradley mantinha o braço deliciosamente jogado sobre minha barriga, posicionado colado em mim e ocupando o espaço todo da cama me deixando na ponta.
— Se está acordada por que diabos não se levanta daí de uma vez? Já é quase hora do almoço, vocês não tem fome?! — Luigi enche o saco e eu abro um olho devagar sem demonstrar como ele estava estragando meu momento.
— Bom, estamos saindo pra comer, caso vocês queiram se juntar vamos no restaurante perto do prédio de artes cênicas. — Mario da de ombros com um sorriso malicioso, pegou a mão do meu colega de quarto o arrastando de volta pra fora. Ouvir o barulho da chave do outro lado me deixou mais confortável.
— Eles já saíram?
Ouvi a voz rouca e grogue reverberar pelo dormitório, soltei um "wow" sem querer que o fez rir baixinho me tremendo no processo.
— Já, estamos bem pra socializar com os garotos Nintendo? — Questionei tentando não me virar pra vê-lo.
Apesar de ja termos acordado juntos antes dessa vez eu realmente estou um pouco envergonhada, já que ontem depois que ele me colocou na cama nós demos alguns amassos e depois foi uma conversa suave sobre qual filmes devíamos ver. Peguei no sono no meio de Legalmente Loira.
Foi tudo tão...infrequente mas previsível
Como se fosse preciso só um único empurrão pra isso ter acontecido antes.
— Claro, só preciso de um bom banho antes, tenho uma muda de roupa no meu carro mas não faço a mínima ideia de onde o banheiro coletivo de vocês fica. — Me apertou contra o seu corpo, consegui sentir tão duro quanto ontem e escondi um sorriso malicioso mesmo que ele não esteja me vendo.
— Ou você pode andar só de toalha por aí pra que eu possa apreciar mais um pouco? — Ofereci segurando o riso.
— Abelinha.. Lembre-se que existem mais pessoas nesse prédio, está tudo bem por você que mais alguém aprecie?
Me virei cuidadosamente esbarrando no martelo do Thor, seu abraço afrouxou apenas pra que eu não caisse. O rosto bonito amassado com marcas do travesseiro e os olho esquerdo com uma pequena remela não o deixava menos gostoso e lindo, o que era impressionante de se ver.
— As pessoas podem olhar, desde que ninguém se atreva a tocar esta tudo bem. — Apertei suas bochechas formando um bico.
— Como diabos você não tem bafo de manhã?! — Seus olhos se arregalaram de indignação e eu ri pela maneira engraçada da frase ter saído enquanto ainda seguro seu rosto.
— É um dos meus talentos inúteis. — E então fingi fazer uma careta quando ele soltou a respiração, tampei meu nariz. — Diferente de você.
— Pelo menos eu não tenho marca de baba! — Retrucou infantilmente e eu ri alto, não esperando que ele me puxasse com facilidade pra cima dele. — Toma! — Soprou mais de uma vez na minha cara me fazendo gargalhar. — Sinta meu bafo!
— Você é um esquisito! Que método de conquista é essa? Não vou beijar essa sua boca nunca mais. — Tampei seu rosto com a mão aberta e ele lambeu a minha mão. — Ew.
— Depois que eu escovar meus dentes você vai negar meus beijos? — Levantou e abaixou as sobrancelhas, me derreti um pouquinho e o dei um selinho. — Agora sim, bom dia minha abelinha.
— Giorno, mio ragazzione.
— Se eu trouxer comida pra cá posso ter esse bom dia todos os dias? — Sorriu largo me ajudando a sair da cama sem cair.
Saímos descalços até o estacionamento, alguns calouros nos olhavam curiosos e os veteranos acenaram tediosos.
Com o cabelo preso, banho tomado e um vestido florido que Luigi me deu de Natal, segui para os banheiros masculinos parando apenas pra quase deixar meus olhos caírem do rosto.
— É algum castigo que estou sofrendo? — Questionei piscando repetidamente.
— Você disse que não teria problemas caso eu andasse de toalha pelos corredores. — Deu de ombros com um sorriso falsamente inocente e eu quis estapear seu rosto bonito, o cabelo loiro escuro molhado e o torso malhado de seu corpo ainda com gotas deslizando pela sua pele macia.
— Volte pra dentro e coloque sua roupa, mudei de ideia. — Cruzei os braços e ele riu parecendo esperar que eu dissesse algo como isso.
Alguns minutos depois de andar de mãos dadas discutindo sobre um assunto sério ( se ele fosse uma tartaruga e eu um canudo o que faríamos), encontramos o casal Nintendo lado a lado com cervejas sob a mesa com duas cadeiras a frente vazias.
— Acho que não consigo olhar muito pra vocês sem me sentir enjoado. — Luigi nos cumprimenta com a delicadeza de sempre e eu devolvi com um sorriso de escárnio falso.
— Sua inveja por eu ter colocado as mãos nele antes que você é realmente perturbadora as vezes. — O encarei enquanto meu..caso indefinido (?) ajeitou a cadeira em que me sentei e parou ao meu lado confortavelmente.
— Pra sua informação eu jamais pegaria seu cara. — Se ofendeu colocando uma mão no peito como se eu o tivesse machucado, pensei em até mesmo dizer que estava brincando até suas próximas palavras: — Mas eu sempre poderei ser seu segundo pai.
Mario e Bradley riram alto com minha careta.
— Não posso ajudar nisso, se seu pai me desse uma chance eu chutaria Lu tão longe que ele nem veria o que o atingiu. — Mario afirma e seu namorado da de ombros tendo o mesmo pensamento.
— Droga, tenho que levar vocês pra enlouquecer um pouco meu irmão. — Bradley oferece e eu ri imaginando Bryan tentando se livrar dessa.
— Pagaria pra assistir a isso com um pacote de doces em mãos. — Concordei pensando em como era bom ter mais pessoas pra aterrorizar a minha volta.
A sensação de frio na barriga se instalou novamente enquanto conversamos e Bradley segura minha mão por baixo da mesa, acariciando minhas costas da mão com o polegar de forma inconsciente.
Eu o encarei com uma devoção que ele não percebeu, ocupado em contar histórias para os dois idiotas. Suspirei sentindo meu peito acelerar só de perceber que estou tendo um momento como esse, um momento que claramente ficaria em minha memória, provavelmente como em qualquer um em que Bradley Buffet esteja.
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Quem é você?
Любовные романыUma mensagem de um número desconhecido tirou Dominique Vergari de sua zona de conforto pela primeira vez em 21 anos.