1 - Jack Frost pega um resfriado.

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Jack fez um castelo uma vez.

Não um castelo de verdade, é claro; mesmo com seus poderes, ele achava que seria impossível. Não, ele fez um pequeno modelo de um castelo, com torres e uma fortaleza sercando-o, feito com pequenos pedaços de madeira que ele encontrou no chão.

Com a imagem do castelo seguiram-se várias outras indistintas , sons e sensações. Ele podia ver sua irmãnzinha sorrindo para ele do outro lado da miniatura do castelo, olhos cheios de fascínio. Ela ajudou a construí-lo mas na maior parte do tempo ela só gostava de observar Jack trabalhar, não importava o quão ruim ele era nisso. Ele podia ouvir a voz dela, contando histórias sobre quem vivia no castelo e o que aconteceu com o reino que ele protegia; sua risada, gargalhando toda vez que Jack acidentalmente martelava seu dedos; seus bocejos, porque ainda era muito cedo e a maior parte da vila ainda estava dormindo.

Quanto as sensações, a coisa mais vívida que ele podia sentir era o vento contra o seu rosto, acariciando-o suavemente onde eles se sentavam em uma colina acima de Hawthome. De lá, eles podiam observar enquanto a vida gradualmente se espalhava pela vila, o sol nascendo por entre as árvores e os pássaros voando de seus ninhos. Jack ergueu seus dedos doloridos no ar e imaginou que o vento passando curou os pulsos doloridos.
É. Carpintaria não era pra ele.

"Por que você faz isso?" Emily perguntou erguendo suas mãos, imitando Jack.

Jack, que sabia que Emily só estava tentando fazê-lo admitir que havia machucado os dedos enquanto fazia o castelo, mesmo assim sorriu e fechou os olhos. "Eu gosto do vento," disse ele. "Eu e ele somos bons amigos."

"Do que você tá falando?" Emily sorriu. "Não foi isso que você disse semana passada, quando o vento quase arrancou o telhado da nossa casa."

"Ele não pode sempre ser gentil assim", Jack disse raciocinando. "Ele tem emoções assim como nós."

"Acha mesmo isso?"

"Sim." Não era realmente uma mentira; o vento ter consciência própria foi uma idéia que ele teve há muito tempo atrás. Ele não sabia o porquê, mas a idéia estava lá e sempre esteve; até onde ele sabia, era tão real quanto os deuses que ele ouvira falar, então por que não?

Ele abriu os olhos quando ela não respondeu e esticou os braços ainda mais, como se esperaçe por um abraço. "Além disso, é até legal quando ele não é gentil também. Talvez um dia ele me erga do chão e me ensine a voar. Como uma folha."

Emily franziu a testa com ceticismo mas copiou seus movimentos novamente. "Não é perigoso?" Ela perguntou.

"O que é a vida sem um pouco de perigo?"

"Isso sim soa como algo que você diria."

"Estou começando a reconhecer esse olhar", Norte disse.

Jack piscou, erguendo o olhar do castelo de gelo na mesa do Norte. Norte estava olhando de volta pra ele, com uma expressão simpática. Ele tinha uma miniatura de um martelo em uma mão e algum tipo de prego na outra. Esse castelo era muito mais impressionate do que o que Jack havia feito lá atrás. Ele não sabia quanto tempo ele havia ficado ali, só observando, sem falar; observar Norte trabalhar em seus vários projetos de gelo era algo que Jack havia descobrido ser muito cativante.

Levou alguns segundos para que Jack se tocasse de que ele provavelmente devia responder mas até aí, Norte já havia se virado completamente para ele e o estava encarando com um olhar inquisitivo.

"Lembrou de alguma coisa?" Ele perguntou.

Jack sentiu um sorriso puxando seus lábios. "Não sei se gosto do quão bom você está ficando em me ler, Norte", ele o disse, girando o cajado em sua mão. Ele desceu de sua posição na mesa que ele havia adotado como seu espaço pessoal para observar gelo. "Mas sim. Eu lembrei de uma coisa."

Dos Ventos e Céus do Norte (TRADUÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora