15 - Jack desobedece ordens, como sempre.

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Jackson Overland era um pé no saco.

Era um pensamento - uma verdade inegável - que tocava na mente de Soluço enquanto ele caminhava na neve densa, adentrando mais a fundo na floresta. Estava escuro e frio. Soluço estava considerando ligar a Inferno só pra manter as mãos aquecidas, mas ele temia que isso atraísse atenção indesejada. Se é que tinha alguma coisa viva nessa ilha. Quanto mais ele se aventurava no escuro, mais ele duvidava disso. Ele invejava Jack por ter podido ficar pra trás, mesmo que Jack não parecesse feliz com isso.

Soluço revirou os olhos.

Não teria sido um problema - não pra alguém como Soluço, cujo círculo de amigos era repleto dos mais variados tipos de idiotas. Ele não ia começar a classificá-los do menos idiota pro mais idiota, mas uma coisa era certa. Um deles era exceção, e não era Soluço. Definitivamente.

O fato era que Jack era um tipo completamente novo de idiota, um que Soluço ainda tinha que se acostumar. É claro que já fazia um mês, e Soluço tinha aprendido muito sobre Jack nesse meio tempo, mas ele ainda fazia coisas que faziam Soluço se perguntar o que em nome de Odin se passava na cabeça dele. Mesmo assim, na maior parte do tempo, ele parou de se espantar com o comportamento estranho de Jack. Ou foi o que ele pensou.

Ele olhou para trás, mas o topo da colina onde ele havia deixado Jack e os dragões já estava fora de vista há muito tempo. Ele voltou a caminhar em frente e começou a descer lentamente uma pequena encosta, tomando cuidado pra não escorregar na sua prostética.

Justo quando Soluço achou que estava se acostumando, Jack provou outra vez que não ia nunca parar de surpreendê-lo.

A culpa não era toda de Jack. Afinal, ele estava inconsciente, e foi Soluço que concordou em dividir a cama. E passar o braço ao redor dele, como o bastardo sutil e confiante que ele DEFINITIVAMENTE não era, e ambos sabiam disso. Mas mesmo assim ele foi lá e fez. E se não tivesse feito, talvez ele não teria acordado quando Jack começou a se contorcer em seu sono.

E então ele mentiu; não foi a tempestade que o acordou. Tempestades não eram incomuns, e Soluço já tinha dormido durante situações piores. Mesmo assim, não foi isso que mais o abalou. Tinha sido horrível ver Jack naquele estado, mas pior ainda foi ouvir as coisas que ele dizia. Algumas partes foram difíceis de compreender, ou impossível de entender sem contexto mas... tinha algumas coisas que ele disse que Soluço não conseguia parar de pensar.

Sua perna de metal ficou presa em uma raiz sob a neve. Soluço guinchou e caiu colina abaixo. Ele rolou até parar na base, com a sensação 'maravilhosa' de neve sobre sua pele. Ele respirou fundo e rapidamente se levantou. Estava frio demais pra ficar na neve, não importava o quanto Soluço quisesse deitar dramaticamente e sentir pena de si mesmo.

Ele só tinha que chegar no local do encontro que era... oque, três horas de distância? Quatro? Ele achou que devia estar caminhando há umas duas horas mas era difícil dizer. Ele se perguntou o quão longe os outros estavam. Se essa ilha era mesmo vazia como Soluço suspeitava, ele esperava ser o último a chegar no rio.

Tente não atravessar o rio.

Soluço estremeceu, mas dessa vez não foi por causa do frio. O pesadelo de Jack tinha sido sobre se afogar. Ele também disse que o cajado tinha salvado sua irmã, Emily, que foi o nome que ele chamou enquanto dormia. Soluço não podia evitar pensar no que isso podia significar. Será que ela tinha se afogado? Foi assim que Jack a perdeu?

Seria invasão de privacidade, mas Soluço queria poder mergulhar na mente de Jack e ver exatamente com o quê ele tinha sonhado. Ao mesmo tempo, ele não sabia porquê ele ligava tanto. Todo mundo tinha pesadelos. Jack obviamente tinha passado por muita coisa e havia muita responsabilidade pesando em seus ombros; Soluço estranharia se ele não tivesse pesadelos.

Dos Ventos e Céus do Norte (TRADUÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora