10 - Jack voa.

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Acreditar era a solução pra tudo isso.

Se Jack tinha aprendido uma coisa, era que ele só tinha que acreditar que as coisas dariam certo no fim. Ele teve que acreditar que descobriria quem era; ele teve que acreditar que ele não seria invisível pra sempre. Mas quando esteve no seu pior, ele teve que acreditar que poderia consertar seu cajado e recuperar seus poderes.

E era exatamente isso que ele precisava fazer. Ele tinha que acreditar, mais uma vez.

Então, enquanto Jamie estava ocupado na forja, Jack se permitiu dar uma caminhada. De volta à floresta, porque ela o fazia se sentir mais em casa. Não parecia muito com o seu lar, mas se ele fechasse os olhos, ele quase podia imaginar que estava de volta em Burgess - ou em Hawthorne... ou seja lá do que aquele lugar era chamado nesse período do tempo.

Jack pediu à Fadinha para ficar com Jamie, porque embora Bocão parecesse confiável - se não um pouco excêntrico - ele era paranoico demais pra deixá-lo sem supervisão de alguém que ele sabia que podia confiar. Fadinha o encontraria e o alertaria se alguma coisa acontecesse.

Os aldeões o viram sair até a floresta, então ele não sabia quanto tempo teria até que alguém viesse procurar por ele. Mesmo que ele entendesse a cautela deles, ainda era irritante. Ele já tinha passado por isso com os Guardiões. Será que ele tava condenado a ser desconfiado por todo grupo novo que conhecesse? Pelo menos a cautela dos Guardiões tinha sido, em parte, culpa dele - ele era meio irresponsável e talvez até um pouco rude as vezes, especialmente com o Coelhão antes deles se tornarem amigos - mas não era culpa de Jack que ele e Jamie tenham aparecido aqui em circunstâncias tão misteriosas.

...Bem, pelo menos ele não teve a intenção.

Ele suspirou, afastando esses pensamentos por enquanto. Isso não era hora de se culpar.

Pela primeira vez em três dias, Jack estava completamente sozinho. Nenhuma pessoa, dragão ou fada do dente pra observá-lo. A Fadinha esteve lá na Antártica quando ele recuperou seus poderes, mas não era como se mostrar ansiedade fosse o problema. Não, o problema era que Fadinha provavelmente tentaria impedi-lo de fazer o que ele estava prestes a fazer.

Ele refez seus passos até o penhasco de onde Jamie tinha caído. Cuidadosamente, ele se aproximou da beira e olhou para baixo. O oceano parecia pacifico dali. O sol brilhava por uma fina camada de nuvens, fazendo a água parecer alguma coisa entre bela e impiedosa.

Mesmo que Jamie fosse um bom nadador, ele não teria sobrevivido a uma queda dessa altura.

Jack engoliu apertadamente e decidiu se afastar mais da vila, e desse lugar que já lhe trazia sentimentos ruins. Era a última coisa que ele precisava agora.

Ele continuou andando até que o chão começou a se inclinar para baixo. Ele não sabia o quão longe ele estava da vila agora, mas era longe o bastante pra lhe dar espaço pra pensar. Ele estava de frente pro penhasco, erguendo os olhos para o céu. À sua direita, a colina continuava descendo até se encontrar com a água, antes de começar a subir de novo. Se ele não quisesse arriscar muito, ele poderia ir até lá. A queda não seria letal, mas ainda restava a dúvida do que aconteceria se ele mergulhasse na água.

Mas isso não importava. Ele não ia cair, e ele não ia ter outro nado imprevisto.

Norte uma vez contou à ele sobre um homem que ele conheceu antes de se tornar um Guardião. Há quanto tempo foi, Jack não tinha certeza, mas o jeito que Norte falou sobre ele fez parecer que foi há mil anos atrás, e ao mesmo tempo ontem. Jack também não sabia o que tinha acontecido com aquele homem, mas de acordo com Norte, ele não era qualquer pessoa:

Ele tinha o poder de acreditar. Se ele acreditasse em alguma coisa, ela literalmente se tornaria realidade. Então, um dia, ele foi até um campo e imaginou que seus pés saiam do chão. Ele imaginou que o vento o carregava até o céu e ele acreditou que era possível.

Dos Ventos e Céus do Norte (TRADUÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora