16 - Soluço começa a questionar sua sanidade.

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Banguela tinha sumido quando Soluço finalmente chegou no topo da colina. E Jack também, mas isso não o surpreendeu muito. Os outros dragões ainda estavam lá, mas eles estavam agitados e estressados. O chão ao redor do Dente de Anzol estava completamente livre de neve, como se ele tivesse tacado fogo em si mesmo. Batatão tinha encontrado uma pilha de rochas, que ela estava devorando ansiosamente. Vômito e Arroto também estavam gritando um para o outro, o que não seria fora do comum se eles também não estivessem dando à floresta olhares afiados, como se esperassem um ataque.

Tempestade trotou até Soluço, sua cabeça inclinando-se para os lados como se ela fosse um pássaro agitado.

"Aonde eles foram, garota?" Soluço perguntou, acariciando suas escamas em uma tentativa de acalmá-la.

Tempestade gritou. Soluço não a entendia tão bem quanto entendia Banguela, mas não inportava; ele já sabia a resposta.

A floresta parecia estar lhe encarando de volta. A escuridão era quase magnética, como se fosse uma entidade viva, chamando-o para entrar.

Mesmo assim, agora que ele tinha se acalmado, seu pânico anterior parecia tão ridículo quanto tinha sido naquela ilha com Astrid. Mas isso não mudava o fato de que tinha acontecido duas vezes, e Soluço estava começando a temer que realmente tivesse alguma coisa acontecendo, ou que ele estivesse enlouquecendo. Ele não sabia qual era pior.

E daí se Jack tivesse encontrado o cristal? O pior que poderia acontecer era a pedra realmente pertencer a ele, e ele acabasse ficando bravo ou coisa assim - o que não era bom, mas não era terrível o bastante pra justificar o  jeito que Soluço agiu.

Ele estava começando a cansar de contemplar quem era maluco ou não.

Uma rajada de vento repentina fez seu corpo tremer violentamente. Era melhor ele ir encontrar o Jack antes que ele acabasse se matando. Ele fez um carinho de adeus em Tempestade, tentou se convencer que o comportamento dos dragões provavelmente não era nada demais, e voltou à floresta.

Ele devia ter caminhado uns dois metros quando o vento ganhou força outra vez, tão do nada que pareceu um trovão. Ele guinchou, erguendo os braços para proteger seu rosto dos flocos de neve que pareciam um pouco afiados demais pra ser normal. Em algum lugar na distância, o tiro de plasma de Banguela ecoou, seguido por um rugido gutural.

Soluço começou a correr.

"Banguela!" ele gritou. Os tiros não pararam. Seja lá no que Banguela estava atirando, não estava recuando. Soluço não conseguia pensar em nenhum motivo pra Banguela ter ido pro meio da floresta além de seguir Jack, o que significava que se Banguela estava em perigo, então ele também. Isso sem contar a possibilidade de que Jack se encontrou primeiro com o que seja lá que Banguela estivesse lutando, e se ele não tinha como se defender...

Ele parou o trem de pensamento antes que fosse mais longe. Perguntas viriam depois.

Os tiros de repente pararam, e Soluço tentou chamar por eles outra vez. Ele continuou correndo, mas sem nenhum som pra seguir, ele temia nunca encontrá-los. Bem quando ele começou a se perguntar se era tarde demais, ele ouviu Banguela rugir outra vez, agora mais perto.

O dragão surgiu da escuridão, cambaleando pros lados como se estivesse tonto e... temendo, como se estivesse com frio. Mas isso era ridículo - dragões não sentiam frio.

"Banguela?" Soluço chamou, a preocupação fazendo sua voz quebrar um pouco. Então ele viu Jack, e seu coração afundou ainda mais.

Por um momento, ele pensou o pior. Então Jack se mexeu, se levantando trêmulanente. Em sua mão direita, seu cajado trancado em punho fraco. Ele tentou dizer alguma coisa, mas sua voz estava quebrada demais pra entender. Soluço quase chorou de alívio. Ele começou a escanear o corpo de Jack, buscando qualquer ferida que precisasse de atenção imediata. Cortes, facadas, queimaduras - vai saber que tipo de criatura eles enfrentaram.

Dos Ventos e Céus do Norte (TRADUÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora