21 - Jack lida com algumas consequências.

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Jack acordou com uma faca enfiada na cabeça. Era a única explicação pra dor que ele tava sentindo. Só quando ele abriu os olhos foi que percebeu que ainda estava vivo. Um gemido escapou dele, arranhando sua garganta extremamente seca. Ele trouxe as mãos até o rosto, bloqueando a luz do dia, e se perguntou o que ele tinha feito pra merecer essa tortura.

Seu corpo inteiro doía, e ele começou a se virar em uma tentativa de se livrar um pouco da dor, mas só conseguiu provocar mais dor em seu ombro ferido. Um choramingo super embaraçoso escapou dele. Pelo menos ninguém estava lá pra ouvi-lo.

"Precisa de um balde?"

Jack levantou um braço pra poder ver. Soluço estava inclinado em uma parede, também quase sem conseguir manter os olhos abertos. Seu cabelo estava uma bagunça e as olheiras em seus olhos estavam de alguma forma mais escuras do que na manhã após a batalha. Ele segurava um balde.

"O quê... Pra quê..." Jack murmurou, olhando ao redor do quarto. Grande erro. O mundo imediatamente começou a rodar, e náusea o consumiu. Ele pôs uma mão na boca e Soluço rapidamente veio ao seu resgate, estendendo o balde pra ele. Depois de esvaziar o estômago, Jack choramingou outra vez. Ele jurava que nunca tinha se sentido tão miserável antes.

"Eu vou te trazer uma água," Soluço o disse, saindo com o balde. Jack imaginou que devia se sentir mal por fazê-lo fazer isso, mas ele não conseguia focar em nada além da sua cabeça latejante. Seu corpo colapsou contra a parede.

Foi com imensa dificuldade, mas o cérebro de Jack lentamente começou a repassar os eventos da noite anterior. Ele estava no Grande Salão. A cerveja tinha sido horrível no começo, mas melhorou depois de um tempo. As memórias estavam borradas, mas ele sabia que tinha agido como um idiota. Mas não inportava; apesar de tudo, ele lembrava bem de como tinha se divertido.

Soluço voltou da escada e pôs o balde agora limpo e vazio perto da cama, e então estendeu uma caneca de água pra Jack. A caneca parecia um pouco demais com as que eles tinham usado pra beber noite passada, e seu estômago fez um som descontente.

"Acho que perguntar como você tá seria burrice," Soluço disse, sentando-se ao lado dele. Sua voz estava arranhada, e ele falava baixo. Jack sentiu que ele tava sofrendo da mesma dor de cabeça.

"É sempre desse jeito?" Jack susurrou de volta, dando um sorriso seco. "Porque... Não sei se vale a pena."

Soluço riu, e então gemeu suavemente. "Nunca parece valer a pena na manhã seguinte," ele concordou.

Eles caíram em um silêncio que não era completamente confortável, mas nenhum deles tinha energia pra se importar muito. Jack tomou um gole da água e a usou pra tirar o gosto ruim de sua boca, antes de cuspi-la no balde.

"Que horas são?" ele perguntou.

Soluço cantarolou, estreitando os olhos pra janela. "Muito cedo," ele disse. "Você pode dormir mais se quiser."

Era tentador, mas Jack duvidava que fosse conseguir voltar a dormir nesse estado. "E os outros?"

"Em casa, provavelmente. Astrid e Perna de Peixe devem ter voltado pro Grande Salão depois de sairmos, então talvez eles tenham desmaiado lá. Com sorte ela garantiu que os gêmeos não torturassem muito o Melequento. Ele fica muito emotivo nessas ocasiões e eu realmente..." Soluço fechou os olhos e esfregou as têmporas. "..não tenho cabeça pra isso agora."

Isso fez Jack rir, antes de também gemer de dor. "O que você normalmente faz então? Eu sinto que tô morrendo."

"O jeito é aguentar até passar," Soluço disse, e deu um sorriso simpático pra ele. Seu cabelo brilhava no sol da manhã. Sua exaustão tinha tirado a maior parte da cor do seu rosto, embora fizesse suas sardas se destacarem ainda mais.

Dos Ventos e Céus do Norte (TRADUÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora