13 - Banguela sabe como deixar alguém nas nuvens.

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A curiosidade de Jamie estava o devorando por dentro.

Tinha isso, e também tinha a saudade de casa, e ele não sabia qual era pior. Mudava entre tolerável e insuportável todo dia, dependendo se ele tivesse alguma coisa pra se distrair.

Pelo menos distrações não era um problema aqui em Berk. Elas vinham em várias formas, como trabalhar na forja, olhar e estudar dragões, observar as tretas entre os aldeões - mas na maioria das vezes sua distração era apenas Jack. Ele praticamente não saia do lado de Jamie - provavelmente porque Jamie nunca o deixava ir longe antes de segui-lo. E Jack sabia que Jamie sentia falta de casa. Eles não falaram sobre isso, mas Jamie sabia que Jack sabia, por isso Jack passava a maior parte do seu tempo mantendo Jamie ocupado, seja explorando a ilha, forjando espadas ou machados... qualquer coisa que viesse à mente de Jack. Guardião ou não, Jack sabia como fazer Jamie sorrir.

E esse dia não era exceção.

"Mais uma vez," Jack estava dizendo. Ele segurou seu cajado na sua frente, e Jamie fez o mesmo com um graveto que eles acharam na floresta. Jack girou seu cajado com uma mão, seus dedos facilmente reajustado o aperto no cajado enquanto a ponta entortada foi parar atrás de Jack. Jamie tentou fazer o mesmo e só conseguiu acertar sua cara.

Jack se encolheu, mas caiu na gargalhada tão rápido quanto. Jamie encarou ele, mas a risada de Jack era muito contagiosa, e não era fácil ficar bravo com ele por muito tempo.

"Eu não consigo," Jamie murmurou, seu rosto vermelho de embaraçamento.

Fadinha voou ao seu redor, checando seu rosto por qualquer ferida. Isso não esfriou em nada as bochechas de Jamie.

Jack tentou parar de rir e balançou a cabeça. "Não é verdade," ele disse. "Você só tem que praticar. Acha que eu aprendi tudo isso em um dia?" Ele ergueu uma sobrancelha para Jamie, e Jamie não pôde evitar seus lábios de se contorcerem em um sorriso. Jack piscou pra ele. "300 anos de prática."

"Não vai me levar 300 anos, vai?" Jamie perguntou.

Jack riu de novo. "Que nada amigão. Você chega lá. Olha, tenta me bater."

Jamie piscou. "Quê?"

"Bate em mim," Jack repetiu, um sorriso torto brincalhão em seu rosto. "Com o máximo de força que puder."

Jamie encontrou os olhos da Fadinha, e ela deu de ombros. Ele cuidadosamente ergueu seu próprio cajado. Jack não se moveu. Jamie fechou os olhos e atacou, só abrindo os olhos quando o graveto fez contato com algo sólido.

Jack tinha desviado - é óbvio. Jamie não sabia porquê tinha esperado outra coisa.

"De novo," Jack disse. "Mais rápido dessa vez."

"E se eu te acertar?" Jamie protestou.

Jack ergueu as sobrancelhas. "Você acha mesmo que pode me acertar?" ele perguntou.

Jamie encarou ele.

Oh. Ele entendeu o que tava acontecendo. Jamie era um irmão mais velho, ele sabia como esse jogo funcionava. Jack estava tentando irritá-lo. Mas mesmo sabendo disso, tinha alguma coisa naquele sorriso arrogante de Jack que fazia Jamie querer acertá-lo. Era assim que Sofia se sentia? Era assim que era ser um irmão mais novo? ...Um irmão muito mais novo no caso de Jack.

Jamie atacou com seu graveto de novo, novamente fechando os olhos. Jack desviou e bufou para Jamie.

"Tenta olhar aonde acerta Jamie," ele riu.

Ele tentou de novo, dessa vez se forçando a olhar pra Jack. Jack mal se mexeu, como se soubesse exatamente o que Jamie ia fazer. Ele não tinha problema nenhum em desviar do graveto de Jamie. Tá bom... se era tão fácil assim... Jamie atacou de novo, e quando Jack bloqueou, ele não esperou antes de tentar outra vez. O sorriso de Jack cresceu. Ele desviou do próximo golpe tão fácil quanto, mas deu um passo para trás. Na cabeça de Jamie, isso era pelo menos uma pequena vitória.

Dos Ventos e Céus do Norte (TRADUÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora