11 - Berkianos não tem modos à mesa.

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"Me pergunto o que Jack tá fazendo," Jamie murmurou.

Bocão parou de martelar, erguendo o olhar. "Disse alguma coisa?" ele perguntou. Seu rosto estava coberto em fuligem, fazendo-o parecer ainda mais selvagem do que ele já parecia. Teria sido assustador, se Jamie não já estivesse tão acostumado com ele.

Jamie olhou na direção de onde Jack tinha desaparecido antes, na direção da floresta. Tinha uma sensação de aperto em seu peito, mas ele não sabia porquê exatamente. Talvez porque lembrar do que aconteceu noite passada fazia seu coração acelerar. E se tivessem mais javalis na floresta?

Jack disse à Jamie que tinha uma coisa que precisava fazer, mas Jamie não conseguia adivinhar o que essa 'coisa' era. E agora que ele tinha ido embora há tanto tempo, Jamie estava começando a se sentir inquieto.

Mas Jack sabia o que estava fazendo não é? Não havia nada a temer.

Então ele só balançou a cabeça. "Não," ele disse, baixando o olhar pra suas mãos.

Ele estava sentado em cima de uma mesa cheia de sucatas de ferro e couro. Suas mãos, braços e pernas doíam de trabalhar na forja o dia inteiro, mas era um bom tipo de dor. Bocão tinha dito à ele pra fazer uma pausa, o que não tinha problema; Jamie já tinha terminado de forjar sua espada, e ele estava bem interessado em ver Bocão trabalhar de qualquer forma.

"Ele vai voltar logo," Bocão disse.

Jamie ergueu o olhar para ele, e Bocão lhe deu um sorriso conhecedor.

"Não acho que ele te deixaria sem supervisão por pelo menos mais de três horas. Aquele seu irmão é meio desconfiado." Bocão ergueu o machado que ele estava forjando, examinando-o. "...Não que todo mundo o culpe," ele murmurou. "Mas relaxar um pouco seria bom pra ele. Talvez ele tenha ido até a floresta gritar. Ajuda sabia?"

Jamie franziu, trocando um olhar com a Fadinha. Ela encolheu os ombros.

"Você faz isso?" ele perguntou ao Bocão.

"Quando a situação exige que sim," Bocão respondeu dando de ombros, antes de voltar a martelar.

Jamie trocou outro olhar com a Fadinha. "E que tipo de situação seria essa?" ele perguntou baixinho.

Fadinha chilreou em resposta com um sorriso divertido, e é claro que Jamie não a entendeu, não importa o quanto ele tentasse. Como que Jack conseguia?

"Se você pode fazer a gente entender Nórdico," ele perguntou à ela. "Não pode nos fazer entender, uh... 'fadês' também?"

Fadinha inclinou a cabeça para o lado. Ela respondeu, mas foi incompreensível. Tudo que Jamie pegou foi o jeito que ela deu de ombros um pouco. Talvez ela não soubesse, ou talvez tivesse algum tipo de lei das fadas do dente que a impedisse. Ele podia pedir à Jack pra traduzir depois.

E então, o som distante de uma risada familiar fez ambos Jamie e Fadinha se erguerem. Jack tinha aparecido na esquina, e ele não tava sozinho. Soluço e Banguela andavam ao lado dele, e todos eles pareciam de bom humor. Mais cedo, Jamie tinha notado a sombra na expressão de Jack, não importarva o quanto Jack tentou esconder, mas agora seu comportamento mudou totalmente.

Talvez gritar na floresta realmente fosse terapêutico.

Jamie sorriu e pulou da mesa. Ele pegou sua nova espada - não era perfeita, mas Jamie estava feliz com ela mesmo assim - e saiu correndo da forja.

"Jack!" ele gritou. "Olha só!"

Todos os três deles ergueram o olhar com a voz repentina de Jamie, e o rosto de Jack quebrou em um sorriso largo.

Dos Ventos e Céus do Norte (TRADUÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora