Hitoshi chegou ao quarto coletivo dos escravos nas masmorras. As alas miseráveis pelas quais passou não estavam muito lotadas, mas machos e algumas fêmeas estavam aninhados no chão rochoso sem algas, desconfortável. Aqueles Sereianos ali não tinham nada do temperamento pomposo e fanfarrão dos Inkandeskianos. Aquele era seu povo e Hitoshi sentia-se igualmente mazelado.O pequeno grupo com quem esteve mais cedo naquela maldita cela o guiava até a última ala. O silêncio era profundo entre palavras escassas, deitou-se em um canto, longe de um pequeno buraco na parede. Ajeitou-se em suas roupas de couro de peixe, símbolo de sua posição de escravo. O peso do excesso cansaço dificultava o sono. Tatami, a fêmea que era antiga dama de companhia, como um dia ele mesmo fora, deitou-se próxima a um buraco e Hitoshi pensou que a “ignorância as vezes era uma benção”. Virou de lado, cobrindo a cabeça com o capuz da blusa curta. Sozinho consigo mesmo, seus pensamentos perseguiam uma maneira minimamente viável de fuga, mas não havia nada. A fuga do príncipe certamente terminou em morte, os túneis de destroços não eram uma opção.
Um gosto amargo flutuou na água e Shinsou grunhiu irritado, alguém tinha feito alguma nojeira na própria câmara de repouso? Quando tentou levantar a cabeça sentiu uma pontada no entrecenho. Tontura e fraqueza obscureceram seu sonar e seus braços que antes tentavam levantar seu tronco, esparramaram-se no chão rude. Sem controle algum sobre seu corpo, o terror o invadiu quando o desconhecido envolveu sua cauda e o arrastou pelo chão.
O corpo era uma massa mole que se debatia sem sucesso. Inundado em um desespero seu mente cedeu ao sufocamento.
O monólogo chegara ao fim e a enfermeira calou-se. Izuku estava sério e compenetrado ao pedir licença e guiar a mulher de cabelos azuis até o mezanino escada acima, mesmo com a audição sensível de um ser mágico, Shouto escutou apenas fragmentos da conversa. A ansiedade pouco a pouco crescia em seu interior, queria falar com o Boticário, ouvi-lo e dizer a ele o que queimava em seu peito.A enfermeira e o boticário desceram a escada e foram direto para uma mesa estranha cobertura com lençol, testaram as várias cintas que pendiam das partes peças metálicas pregadas a madeira grossa. O boticário também mostrou a ela uma bandeja larga de metal, ambos estavam de costas e o diálogo era baixo, nomes estranhos surgiam em quanto objetos eram erguidos.
O Sereiano tentou não deixar que sua cabeça não criasse senários sinistros.
Algumas instruções depois a enfermeira estava fora da cabana pelo menos por um tempo. O boticário e ele a sós.
Os olhos díspares de Shouto o seguiam a todos os lados e apesar da expressão neutra, havia uma necessidade de comunicação e Izuku queria estar para ele o quanto antes. Assim que se viu sozinho com o Sereiano, tomou seus desenhos de anatomia e sentou-se na cama de frente ao rapazinho. Retração e dor estavam implícitos nos gestos de Shouto, como se anos e não dias os tivessem afastado.
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Tritão e Sangue - DekuTodo
FanfictionUm Tritão e forçado a conviver com um humano após uma série de eventos desastrosos. Toca ao humano a difícil tarefa de guardar o segredo do Tritão enquanto cura suas feridas físicas e emocionais. O perigoso passado do Tritão bufa em seu pescoço...