20) CTC: As paredes ouvem

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Já estava ficando velha para aquele tipo de atividade.

Os grandes túneis por dentro de Inkandesca eram vigiados por pares de sentinelas. Os arredores do castelo contavam com um pelotão inteiro em lugares estratégicos. Os dutos de corrente ascendente eram quentes, Águas aquecida por algum bolsão de magma em algum vulcão dormente. Andar pelos dutos não era uma opção, as correntes eram fortes e o lixo jogado fora tornava muito perigoso se quer tentar.

Existiam outros meios de circular sem ser vista, porém sempre existe o risco de ser ouvida.

Haviam algumas passagens grandes escondidos, coisas feitas pelos antigos moradores. Estas passagens eram muito perigosas, "Ele" as vezes os usava durante o dia, não só ele "ele", os filhos também o faziam nas madrugadas.

A opção era pequenas passagens entre as rochas. Passagens naturais não mapeadas pelos Sereianos porque eram estreitas demais. Estreitas demais para um Sereiano comum, mas não impossível para uma mestiça. Segredos, conspirações, um rei invejoso da eternidade e poder de uma certa divindade, corrupção e lágrimas de inocentes, um cotidiano de calamidades que presenciava a diário. Coisas presentes, coisas passadas.

Engraçado era o conceito de passado e futuro, nenhum dos dois existia, mas podiam encarcerar uma pessoa, prendê-la a dividas quase eternas.

Como odiava ter sido raptada e levada para Enkandesca.

Uma única pessoa olhou pelas vitimas e matou aquele que era seu dono, foi "ela". "Ela" denunciou o nobre sádico que as traziam clandestinamente para o Castelo submarino de Inkandesca. Nunca poderia esquecer aqueles jovens olhos de cor cinzenta segurando uma de suas bebes. Apenas retornava pelo estreito túnel no ninho do nobre. A jovem a fitou de maneira fria e pôs um dedo diante de seus lábios em um pedido por silêncio. Aquele par de olhos entendeu tudo somente observando o contexto.

A figura de olhar frio aproximou-se até seu corpo metade humano, metade polvo e disse: __Bonitos bebês. Eles devem ser criadas pela criadagem e depois....

Seu corpo estremeceu e negou com sua cabeça, negou com suas lágrimas e dor.

Submergida em um silêncio, 13 sabia que estava perdida. Ia ser separada de suas meninas.

__Você quer que eu tome as duas como minhas protegidas? Que ninguém nunca as torture ou as violem por serem filhas de uma mestiça?

O pavor fazia seu coração bombear com força, então acenou um "sim" com suma dor. Seria separada de suas pequenas, as únicas lembranças vivas de que um dia fora livre e possuíra um lar. Seus dois grandes amores que por alguma benção possuíam caudas de Sereia. Podiam passar por Sereias de sangue puro, sem serem submetidas a barbáries.

Suas lágrimas perdiam-se nas águas e seu sonar estava mudo, um nó em sua garganta. A jovem Sereia que a fitava não era uma menina, apenas tinha entrado na adolescência, mas seu olhar transmitia a sensação de estar lidando com uma negociante experiente, vivida, calma e fria.

__Suma daqui, apareça em meu quarto a noite, como tem feito em segredo. Sim, eu sei que você nos espiona. Eu sou boa em fingir que estou dormindo, não é a primeira que atentam contra mim, sabia?... Você tem muitas informações que o patife a escravizava possuía. Você tem segredos e respostas e eu tenho um meio de mantê-las seguras.

Uma troca. Uma dívida.

__Princesa!! Vossa Alteza onde estais? - ouviram um vibrações graves provindas do outro lado da porta.

O guarda entrou, encontrando apenas a princesa e dois bebês no quarto.

__Vossa Alteza, estas coisinhas irrelevantes não merecem serem carregadas por vós. Deixai-as no ninho e eu...

Tritão e Sangue - DekuTodoOnde histórias criam vida. Descubra agora