21) CTC: A atmosfera venenosa de Inkandeska

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   Touya havia bebido, comido e acasalado compulsivamente tentando esquecer como sua vida era uma pilha de fezes. Como ele era um maldito prisioneiro e como odiava os costumes daquele lugar. Odiava sentir-se pressionado todos os dias, uma sensação de sufocamento que vinha de sua garganta e descia por seu peito.

   Odiava como a resposta a tudo eram ameaças, disputas, brigas e humilhações. Estava farto de ver serviçais com olhares perdidos, fêmea amedrontadas e o jeito criminoso como os poucos escravos que possuíam eram tratados. O pobres eram vistos como inimigos, humilhados, coagidos, torturados e tratados como animais. Seu reino quebrava o espirito das pessoas. O seu próprio espirito e mente já estavam muito cansados.

   Sentou-se em seu ninho de algas, a cabeça latejava pela ressaca. Seu ninho estava completamente tomado de braços e caudas. Seus escravos pessoais, duas fêmeas e um macho. Touya os havia tomado para si há muito tempo para poupá-los de terem que servir gente cruel, mas mesmo assim, isto não o tornava muito diferente do restante da gente de seu reino.

   O único que podia mudar aquilo, havia sido assassinado ou fugido. Estava investigando por conta própria, mas era como se algo tivesse tragado seu pequeno irmão.

  __Acordem! Vamos acordem e saiam em silêncio, por favor. Não quero ser incomodado, hoje. Se necessitar de algo, eu chamo.

  Os escravos acordaram com o ressonar grave de seu senhor, envergonhados de acordar depois dele. Recolheram suas peças de roupa de couro de peixe que deixavam evidente sua posição de servidão e saíram com uma reverência polida.

  Touya soltou um suspiro arrastado, enchendo a água de bolhas.

  Tinha marcado uma hora oficialmente com o Capitão da guarda para negociar uma visita supervisionada ou pelo menos vê-la de longe.

  < Aaaa.... Não devia ter ido dormir tarde e nem ter esvaziado a garrafa de vinho. > - soltou mais um suspiro. - < Vamos Touya, já é hora de parar de lamentar e retornar a luta. >

  Levantou-se e nadou até sua penteadeira de mármore. Penteou as curtas mechas vermelhas, depois pegou o espelho de mão para conferir seu aspecto. Cheio de olheiras e com um visível cansado. Não conseguiria impor-se ou subornar o Capitão assim. Não era um macho tão grande e intimidante como seu progenitor.

  < Caraio. Que cara de bosta, hein? Príncipe real uma ova > - com sarcasmo.

  Retirou sua loriga de couro de peixe da estante escavada na pedra da parede, atando e afivelando as correias lentamente. Colocou duas facas de luta nos espaços destinados a elas na loriga. Comeu algumas sobras de peixe e alga que estavam em seu quarto devido sua atividades noturna, seguido a isto, saiu para o treino de combate, estava irritado e precisava descarregar antes de encontrar o Capitão da Guarda.

  Passou nadando na frente da porta de seu irmão, deteve-se um minuto, concentrando-se em seu sonar. Havia apenas vibrações de estocadas em pedra. Devia estar esculpindo. Natsuo detestava treinos militares e aulas de combate, muitas vezes preferia manter a força física com pratica de esportes e em seus momentos de tristeza recorria a escultura.

  < Vou tentar fazer alguma coisa por nós três, irmão. Eu juro. > - Touya estava comprometido em voltar àquela porta mais tarde e com notícias de Rei.

   Os guardas do corredor acompanharam com o olhar o príncipe do poder de fogo nadar lentamente pelo corredor, parar um momento em frente à porta de seu gêmeo de gelo e proceguir a nado decidido.

  Era um pensamento que corria a “boca pequena” na Guarda, cochichado pelos cantos. Admiravam seu rei, mas sua semente era “podre”. A única compromissada com o reino era uma fêmea, desonroso. Os três machos eram brandos, suaves, uma vergonha. A Guarda tinha o compromisso sólido com seu rei e não com sua maldita prole, com exceção de Shouto, porque tinham a curiosidade se o “peixinho” tornar-se-ia digno do reino.

Tritão e Sangue - DekuTodoOnde histórias criam vida. Descubra agora