Capítulo II

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Ainda em um teto da casa de uma fazenda abandonada...

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Seria justo dizer que Lee Heeseung, o filho mais velho do conde de Myeon e atualmente conhecido pelo mundo civilizado como o visconde de Migyeong, era um cavalheiro sereno. Tinha modos calmos e firmes, uma mente implacavelmente lógica e uma maneira de estreitar os olhos que assegurava que seus pedidos fossem atendidos com grande eficiência, seus desejos concedidos com ansioso prazer e — a parte mais importante — tudo isso de acordo com o momento que ele desejasse.

Também seria justo dizer que, se o Sr. Sim Jaeyun tivesse alguma ideia de quão próximo o alfa estava de esganá-lo, ficaria muito mais assustado com ele do que com a escuridão que se aproximava.

— Mas que grande azar — disse o ômega, olhando para a escada.

Heeseung não falou nada. Achou melhor assim.

— Sei o que está pensando — continuou ele.

O alfa abriu a boca o suficiente para dizer:

— Não tenho tanta certeza.

— Você está tentando decidir qual de nós dois prefere jogar do telhado: o gato ou eu.

O ômega estava muito mais perto da verdade do que poderia ter imaginado.

— Eu só estava tentando ajudar – explicou Jake.

— Eu sei — falou Heeseung em um tom próprio para não encorajar a continuidade da conversa.

Mas Jake continuou falando.

— Se eu não o tivesse agarrado, você teria caído.

— Eu sei.

O ômega mordeu o lábio inferior e, por um instante abençoado, Heeseung pensou que ele encerraria o assunto.

Então Jake disse:

— Foi seu pé, você sabe.

O alfa moveu ligeiramente a cabeça. Apenas o suficiente para indicar que tinha ouvido.

— Perdão?

— Seu pé. — Jake apontou com a cabeça o membro em questão. — Ele esbarrou na escada.

Heeseung deixou de lado a ideia de ignorá-lo.

— Você não está colocando a culpa disso em mim, não é mesmo? — disse ele, praticamente sibilando.

— Não, é claro que não — respondeu Jake depressa, finalmente mostrando o mínimo senso de autopreservação. — Eu apenas quis dizer... Só que você...

O alfa estreitou os olhos.

— Não importa — murmurou Jake.

Então apoiou o queixo nos joelhos dobrados e olhou para o campo. Não que houvesse algo para ver. A única coisa que se movia era o vento, afirmando sua presença através do suave balançar das folhas nas árvores.

— Acho que temos mais uma hora até o sol se pôr — continuou ele. — Talvez duas.

— Não estaremos aqui quando escurecer — disse Heeseung.

Jake olhou para ele, depois para a escada. Então de novo para Heeseung com uma expressão que fez o alfa querer abandoná-lo em meio à notória escuridão. Mas ele não fez isso. Porque em tese não podia.
Vinte e sete anos eram tempo mais do que suficiente para que os princípios do cavalheirismo já estivessem incutidos em seu cérebro, e ele nunca poderia ser tão cruel com um ômega. Mesmo que o ômega fosse ele.

I hate him? I love him! - heejakeOnde histórias criam vida. Descubra agora