Capítulo III

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— O que está fazendo? — perguntou Jake, praticamente gritando.

Heeseung se levantou com uma velocidade altamente imprudente, e agora espiava da beirada do telhado com a sobrancelha erguida, como se estivesse concentrado, calculando.

Na verdade, parecia efetuar equações matemáticas complexas.

— Tentando sair do maldito telhado – grunhiu o alfa.

— Você vai se matar.

— Talvez eu devesse — concordou ele de forma sombria.

— Ah, faz com que eu me sinta muito especial, realmente — retrucou Jake.

Heeseung virou, encarando-o com ar de superioridade.

— Está dizendo que quer se casar comigo?

Jake estremeceu.

— Nunca.

No entanto, nenhum ômega gostaria de pensar que alguém preferiria se atirar de um telhado só para evitar essa possibilidade.

— Nisso estamos de acordo — disse Heeseung.

E aquilo doeu. Ah, como doeu... Que ironia.

Jake não se importava que Lee Heeseung não quisesse se casar com ele. Na maior parte do tempo ele nem sequer gostava do alfa. E sabia que, quando o alfa se dignasse a escolher um par, o ômega seria tão agraciado e não seria nada parecido com ele.

Mas, ainda assim, doeu.

O futuro Sr. Lee  seria delicado e sensível. Teria sido educado para administrar uma casa grandiosa, não uma propriedade produtora. Usaria roupas da última moda, seu cabelo viveria coberto de pó e em penteados elaborados, e mesmo que por dentro fosse feito de aço, esconderia isso sob uma aura distinta de desamparo.

Alfas como Heeseung adoravam se achar fortes e viris.

O ômega o observou colocar as mãos nos quadris. 

Muito bem, ele era forte e viril. Mas era como os demais – desejaria o tipo de ômega que flerta sobre a borda do leque. Imagine se ele se casaria com um ômega talentoso.

— Isso é um desastre — disparou o alfa.

Jake resistiu por pouco ao desejo de rosnar.

— Você só percebeu isso agora?

A resposta igualmente imatura de Heeseung foi fechar a cara.

— Por que você não consegue ser gentil? — perguntou Jake.

— Gentil? — repetiu o alfa.

Ah, meu Deus, por que tinha dito aquilo? Agora teria que explicar.

— Como o restante de sua família — esclareceu o ômega.

— Gentil — disse o alfa, novamente.

Heeseung então balançou a cabeça, como se não acreditasse na audácia dele.

— Gentil — repetiu pela terceira vez.

Eu sou gentil — disse o ômega.

E se arrependeu ao dizê-lo, porque ele não era gentil. Pelo menos não o tempo todo, e tinha a sensação de que não estava sendo particularmente gentil naquele momento. No entanto, com certeza poderia ser perdoado, porque o alfa era Lee Heeseung e o ômega não podia evitar.

Nem o alfa, ao que parecia.

— Alguma vez já lhe ocorreu — começou ele com uma voz definitivamente marcada pela falta de gentileza — que sou gentil com todos exceto você?

I hate him? I love him! - heejakeOnde histórias criam vida. Descubra agora