Capítulo XXII

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O Sr. Yuko era um excelente dançarino, mas Jake não podia lhe dar mais do que uma pequena parte de sua atenção enquanto o alfa o conduzia pelos intrincados passos de um cotilhão.

Heeseung terminara de conversar com o senhor, e agora se curvava diante de uma dama de beleza tão impressionante que era um espanto que todos à sua volta não tivessem de proteger os olhos do brilho que irradiava.

O ômega sentiu a raiva e o ciúme fervilharem dentro dele, e a noite, antes tão mágica, azedou.
Jake sabia que não deveria ter chamado o Sr. Yuko para dançar. Lady Myeon teria tido uma apoplexia se estivesse lá. Provavelmente teria uma assim que a fofoca chegasse até ela. E chegaria. Jake podia ter evitado Seul por anos, mas sabia como funcionavam as coisas o suficiente para perceber que aquilo se espalharia por todo o salão em poucos minutos.

E por toda a cidade na manhã seguinte.

Diriam que era muito atirado. Que estava atrás do Sr. Yuko, que estava desesperada por razões que ninguém sabia, mas que devia ter um segredo terrível, afinal por que outra razão jogaria fora séculos de convenção e convidaria um cavalheiro para dançar?

E então alguém se lembraria daquele infeliz incidente na corte, alguns anos atrás. Uma coisa terrível, de fato, comentariam todos, fazendo muxoxos. O vestido da Srta. Weren pegara fogo e, quando alguém percebeu o que estava acontecendo, havia um bando de moças inertes, presas ao chão, incapazes de se mover com todo o peso de suas saias largas.

O Srto. Shim não estava lá? Ele não estava em cima da Srta. Weren?

Jake teve que cerrar a mandíbula para não grunhir. Se ficara por cima de Weren, tinha sido apenas para apagar o fogo, mas ninguém mencionaria isso.

Que Jake também tinha sido o causador do incêndio ainda era um segredo bem guardado, graças a Deus. Mas, sinceramente, como um ômega se moveria em trajes de corte completos? O protocolo da corte exigia roupas com volume e adereços muito mais pesados do que qualquer coisa que usavam no dia a dia. Jake normalmente tinha uma ótima noção do espaço que seu corpo ocupava no mundo – era a pessoa menos desajeitada que conhecia. Mas quem não teria dificuldades de se movimentar em uma geringonça daquelas? E, indo mais direto ao ponto, que idiota achara uma boa ideia deixar uma vela acesa em uma sala cheia de ômegas com aqueles trajes volumosos?

A borda de sua roupa ficara tão longe do corpo que Jake nem sentira quando derrubara a vela. A Srta. Weren também não sentira quando os trajes dela começara a queimar. E na verdade não sentira nada, Jake pensou, satisfeito, porque o ômega tivera presença de espírito suficiente para pular em cima de outra pessoa, abafando a chama antes que atingisse sua pele.

E, no entanto, no frigir dos ovos, ninguém parecia lembrar que Jake salvara a Srta. Weren da morte e da desfiguração. Não, sua mãe ficara tão horrorizada com a situação toda que abandonara os seus planos para a temporada de Jake em Seul, o que o ômega queria que acontecesse desde o início. Havia anos que vinha lutando para não precisar participar de uma temporada.
Mas queria conseguir isso de outra forma que não o fato de os pais sentirem vergonha dele.

Com um suspiro, forçou-se a concentrar-se novamente no cotilhão que aparentemente dançava com o Sr. Yuko. Não conseguia nem lembrar disso, mas parecia ter feito corretamente os passos e não pisado em nenhum dedo. Por sorte, não tivera de conversar muito; era o tipo de dança que separava os parceiros com a mesma frequência que os unia.

— Lady Kang — disse o Sr. Freddie, quando estava perto o suficiente para ser ouvido.

Jake ergueu os olhos, surpreso; tinha quase certeza de que o Sr. Yuko sabia o nome dele.

— Perdão?

Eles se separaram e depois voltaram a ficar juntos.

— A ômega com quem lorde Lee está dançando — continuou — A viúva de Kang Minhyuk.

I hate him? I love him! - heejakeOnde histórias criam vida. Descubra agora