Capítulo VI

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Jake aceitou com gratidão a taça de vinho que o criado enfim lhe trouxe e então a ergueu em direção a Sunghoon em uma saudação cética.

Heeseung soltou um longo suspiro e voltou para a janela, olhando para a escuridão lá fora. Talvez ele fosse um pedante insuportável, mas realmente não estava com vontade de ouvir as provocações intermináveis de Sunghoon e Jake.

Aquilo nunca mudava. Jake fazia algum comentário encantadoramente inteligente, Sunghoon bancava o espertinho e, em seguida, Jake dizia algo para desmerecê-lo, e então Sunghoon ria e piscava, e então todos riam e piscavam, e era sempre, sempre a mesma maldita coisa.

Heeseung estava muito cansado de tudo aquilo.
Olhou rápido para Jungwon, sentado melancolicamente na cadeira que, em sua opinião, era a menos confortável da casa. Como era possível ninguém notar que ele fora deixado fora da conversa? Jake e Sunghoon alegravam a sala com sua inteligência e sua vivacidade, e o pobre Jungwon não conseguia dizer uma palavra. Não que parecesse estar tentando, mas, aos 14 anos, como podia esperar competir?

Heeseung levantou-se de um salto, cruzou a sala até ele e se curvou.

— Eu vi o gato — contou ele, suas palavras sumindo em direção aos cabelos escuros do ômega mais novo — Ele correu para o bosque.

Não era verdade, é claro. Ele não fazia ideia do que havia acontecido com o gato. Algo envolvendo enxofre e a ira do diabo, se houvesse justiça no mundo.
Jungwon se assustou, depois virou para ele com um sorriso largo que era desconcertantemente parecido com o do irmão mais velho.

— Você viu? Ah, obrigada por me contar.

Heeseung olhou para Jake ao se levantar. Ele o encarava com um olhar aguçado, repreendendo-o em silêncio por mentir. O alfa retribuiu a expressão com igual insolência, a sobrancelha arqueada desafiando-o a desmenti-lo.
Mas o ômega não falou nada. Em vez disso, não lhe deu muita importância e apenas ergueu o ombro, tão rápido que ninguém além dele poderia ter percebido. Então, com seu brilho e seu charme habituais, virou de novo para Sunghoon.

Heeseung voltou sua atenção para Jungwon, que era um garotinho mais inteligente do que ele imaginava. Ele assistia à cena com curiosidade crescente, seus olhos se movendo de um lado para outro entre todos eles, como se fossem jogadores em campo.

Heeseung deu de ombros. Bom para ele. Ficava feliz que o garoto tivesse um cérebro. Com aquela família, com certeza iria precisar.

O alfa tomou outro gole do conhaque, perdendo-se em pensamentos até a conversa parecer apenas um zumbido. Sentia-se inquieto aquela noite, mais do que o normal. Ali estava, cercado por pessoas que conhecia e amava, e tudo o que queria...

Ele olhou para a janela, procurando uma resposta.
Tudo o que ele queria era...
Não sabia.

Esse era o problema. Ele não sabia o que queria, apenas que não era exatamente aquilo.
Sua vida, percebera, havia alcançado um novo patamar de banalidade.

— Heeseung? Heeseung?

Ele piscou. Era a mãe chamando seu nome.

— Lady Millie Byun ficou noiva do conde de Northwick — disse ela. — Você ficou sabendo?

Ah. Então essa seria a conversa daquela noite. Terminou de tomar sua bebida.

— Não.

— A filha mais velha do duque de Westborough — disse lady Lee a lady Shim. — Uma jovem muito encantadora.

— Ah, claro, adorável. Cabelo claro, não é?

— E lindos olhos azuis. Canta como um pássaro.

I hate him? I love him! - heejakeOnde histórias criam vida. Descubra agora