Capítulo XXI

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Mais tarde naquela noite
No Baile Wintour…

Noventa minutos haviam se passado e o alfa ainda não tinha visto Jeong.

Heeseung puxou a gravata, pois tinha certeza de que seu criado a tinha apertado mais do que o habitual. Não havia nada fora do comum na Soirée de Primavera de lady Wintour.
Na verdade, ele diria que era comum a ponto de ser monótona, mas ele não conseguia se livrar da incômoda e estranha sensação que subia pelo seu pescoço. Para todo lugar que se virava, parecia que alguém olhava para ele de maneira estranha, observando-o com muito mais curiosidade do que sua aparência deveria instigar.

Claramente, era tudo coisa da imaginação dele, o que levava a um ponto mais importante – claramente ele não era feito para aquele tipo de coisa. Cronometrara sua chegada com cautela. Cedo demais, atrairia atenção indesejada. Como a maioria dos homens solteiros de sua idade, geralmente passava algumas horas no clube antes de cumprir suas obrigações sociais. Se chegasse ao baile às oito em ponto, pareceria estranho. (E ele teria de passar as duas horas seguintes conversando com sua tia-avó quase surda, que era conhecida tanto por sua pontualidade quanto por seu mau hálito.)
Mas ele também não queria seguir sua programação habitual, que envolvia chegar bem depois que a festa tivesse começado. Seria muito difícil identificar Jeong em meio a tantas pessoas, ou, pior, ele poderia não vê-lo.

Então, após pensar bastante, entrou no salão de baile Wintour aproximadamente uma hora após o horário de início. Ainda estava muito cedo, mas já havia gente suficiente para que Heeseung permanecesse discreto. Não pela primeira vez, ele se perguntou se não estaria pensando demais naquilo tudo. Parecia que estava se preparando para se apresentar em público.

Uma rápida conferida na hora lhe informou que eram quase dez, o que significava que, se Jake ainda não tivesse aparecido, estaria ali em breve. Sua mãe planejara chegar às nove e meia, mas ele ouvira vários resmungos sobre a longa fila de carruagens em frente à Wintour House. Jake e sua mãe certamente estavam presas na carruagem de quatro cavalos dos Lee, esperando sua vez de descer.

Ele não tinha muito tempo se quisesse cuidar daquilo antes de chegarem.

Entediado, continuou a caminhar pela sala, murmurando as saudações apropriadas quando passava por conhecidos. Um criado circulava com taças de ponche, então pegou uma, mal umedecendo os lábios enquanto examinava o salão de baile sobre a borda da taça. Não via Jeong, mas via... maldição, aquele era lorde Jang?
Por que diabo tinha pedido a Heeseung para entregar uma mensagem quando ele mesmo poderia ter feito isso?

Mas talvez houvesse razões para Jang não poder ser visto com Jeong. Talvez houvesse mais alguém ali, alguém que não poderia saber que os dois homens estavam trabalhando juntos. Ou talvez Jeong fosse aquele no escuro. Talvez ele não soubesse que era Jang quem tinha a mensagem.

Ou…

Talvez Jeong soubesse que Jang era seu contato, e fosse tudo um plano para testar Heeseung, para que pudessem usá-lo para futuros empreendimentos. Talvez Heeseung tivesse embarcado por acidente em uma carreira de espionagem.

Olhou para o ponche em sua mão. Talvez ele precisasse... Não, ele definitivamente precisava de algo com um teor mais alto de álcool.

— Que porcaria é essa? — murmurou ele, pousando a taça.

E então ele o viu.
E parou de respirar.

— Jake?

Ele era uma visão. Sua roupa era de um carmesim escuro, a cor uma escolha inesperadamente vibrante para uma dama solteira, mas em Jake se tornava a perfeição. Sua pele era como leite, os olhos brilhavam e seus lábios... O alfa sabia que o ômega não os coloria – Jake nunca teria paciência para esse tipo de coisa –, mas de alguma forma pareciam mais vivos, como se tivessem absorvido um pouco do brilho rubi de seu vestido.
Ele beijara aqueles lábios. Ele o provara e o venerara, e queria adorá-lo de maneiras que o ômega provavelmente nunca sonharia serem possíveis.

I hate him? I love him! - heejakeOnde histórias criam vida. Descubra agora