Capítulo XIII

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À uma hora da tarde seguinte, Heeseung ficou pensando no motivo de não gostar daquelas recepções em casa. Ou melhor, ficou pensando que não gostava de recepções em casa.
Ou talvez ele apenas não gostasse daquela recepção em particular. Só de pensar nos irmãos Kim inebriados por lorde Hwang, lorde Hajun dos dentes brancos como a neve e Huening Kai, que acidentalmente derramou vinho do porto nas botas de Heeseung na noite anterior, sentia-se pronto para voltar para Daeyang House.
Sua casa ficava a apenas cinco quilômetros de distância. Ele poderia fazer isso.
Faltara à refeição do meio dia, a única maneira de evitar Sir Minjun, que parecia ter concluído que ele era a segunda melhor coisa depois de Hwang - e agora estava de péssimo humor. Sentia fome e cansaço, esses dois demônios que reduzem a disposição de um homem adulto à de uma criança reclamona de 3 anos.

A noite anterior de sono tinha sido...

Insatisfatória.

Sim, essa parecia a palavra mais apropriada. Extremamente inadequada, mas apropriada.

Os Shim haviam colocado todos os Lee na ala da família, e Heeseung se sentara na cadeira acolchoada junto à lareira, ouvindo os sons regulares e comuns de uma família encerrando o dia - as criadas ajudando os ômegas, portas se abrindo e se fechando...
Heeseung devia ter encarado isso como algo corriqueiro, afinal eram os mesmos sons que se ouvia em Daeyang. Mas, de alguma forma, ali em Byeong Hall pareciam íntimos demais, quase como se ele estivesse bisbilhotando.

A cada barulho suave e sonolento, sua imaginação alçava voo. Ele sabia que não era possível ouvir Jake, pois o quarto dele ficava do outro lado do corredor e três portas adiante. Mas parecia que o ouvia. No silêncio da noite, ele sentia os pés do ômega pisando suavemente no carpete. Percebia o sussurrar do sopro dele ao apagar uma vela. E tinha certeza de que ouvia o farfalhar dos lençóis dele ao se acomodar na cama.
Ele dissera que adormecia rápido... mas e depois? Dormia de forma tranquila ou será que se contorcia, chutando as cobertas, empurrando os lençóis para a base da cama com os pés?
Ou ficava bem quieto, docemente virado de lado, com as mãos sob a bochecha?
O alfa podia apostar que o outro não parava quieto, afinal, era Jake. Passara a infância inteira em constante movimento. Por que seu modo de dormir seria diferente? E se ele compartilhasse uma cama com alguém...
A dose de conhaque que Heeseung toma antes de dormir se transformou em três, mas, quando finalmente colocou a cabeça no travesseiro, levou horas para pegar no sono. E, quando conseguiu, sonhou com ele.

E o sonho... Ah, o sonho.
Ele estremeceu, a lembrança invadindo-o novamente. Se algum dia pensou em Jake como um irmão...

Com certeza não pensava agora.

O sonho começara na biblioteca, na escuridão iluminada pela lua, e, ao ver o ômega ali, Heeseung não sabia o que ele estava vestindo... só que não era como nada que já o vira usar antes. Devia ser uma roupa de dormir... branca e diáfana. A cada brisa, a peça de roupa se moldava ao corpo dele, revelando curvas incrivelmente exuberantes desenhadas para se encaixarem perfeitamente em suas mãos.

Não importava que eles estivessem na biblioteca, e que não houvesse razão lógica para uma brisa. Era o sonho do alfa, e havia uma brisa, então não importava de qualquer maneira porque, quando ele pegou a mão do ômega e o puxou com força contra seu corpo, estavam de repente em seu quarto. Não aquele aqui em Byeong Hall, mas em Daeyang, com sua cama de mogno de quatro colunas, o colchão grande e quadrado, com espaço para todo tipo de imprudência impulsiva.

O ômega não disse uma palavra, o que, o alfa tinha de admitir, não tinha muito a ver com ele, mas por outro lado era um sonho. Quando ele sorriu, porém, era essencialmente Jake - expansivo e livre -, e, quando ele o deitou na cama, os olhos do ômega encontraram os dele e foi como se Jake tivesse nascido para aquele momento.

I hate him? I love him! - heejakeOnde histórias criam vida. Descubra agora