Capítulo XVIII

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E assim, menos de uma semana depois, Jake se viu em suas roupas de baixo, com duas costureiras tagarelando em francês enquanto o espetavam com alfinetes e agulhas.

— Eu poderia usar uma das roupas que trouxe de casa — disse ele a Lady Lee pela que provavelmente era a quinta vez.

Lady Lee nem sequer ergueu os olhos do livro de figurinos que folheava.

– Não, não poderia.

Jake suspirou enquanto olhava para os tecidos ricamente brocados que cobriam as paredes da elegante loja de roupas que se tornara sua segunda casa ali em Seul. Ficara sabendo que era muito exclusiva; a placa discreta sobre a porta dizia apenas Mme.

Normalmente, disse lady Lee, Crossy e seus funcionários iriam até ele, mas não tinham muito tempo para que Jake estivesse devidamente paramentado, e nesse caso parecia mais eficiente visitar a loja.

Jake tentou protestar. Não estava em Seul para uma temporada. Não estavam nem na época certa do ano. Bem, estariam em breve, mas ainda não. E com certeza não tinham viajado até Seul para participarem de festas e bailes. Verdade seja dita, Jake nem sabia bem por que estava ali. Ficara absolutamente perplexo quando lady Lee fizera o anúncio, o que deve ter ficado nítido em seu rosto na hora.

— Você acabou de dizer que gostaria de ir — dissera lady Lee –, e confesso que não estou sendo inteiramente altruísta. Eu quero ir e preciso de companhia.

Heeseung protestara, o que, dadas as circunstâncias, Jake achara sensato e insultante, mas nada detinha a mãe dele.

— Não posso levar Sunoo — dissera com firmeza. – Ele tem passado muito mal, e duvido que Yeonjun iria permitir, em todo caso. — Ao comentar isso, olhara para Jake. — Ele é muito protetor.

— Concordo — resmungara Jake... de maneira bastante estúpida, em sua opinião.

Mas não conseguira pensar em mais nada para dizer. Sinceramente, nada o fazia sentir-se mais inseguro a respeito de si mesmo do que estar diante de uma indomável senhora da sociedade, mesmo uma que conhecia desde que nascera. Na maior parte do tempo, Lady Lee era sua adorável vizinha, mas de vez em quando a líder da Sociedade transparecia, dando ordens, orientando as pessoas e, por via de regra, sendo uma especialista em tudo. Jake não tinha ideia de como se afirmar. Era a mesma coisa com a mãe dele.

Mas então Heeseung deixara de lado o bom senso e partira para o insulto.

— Perdoe-me, Jake — dissera ele (enquanto olhava para a mãe) —, mas ele seria uma distração.

— Uma distração muito bem-vinda — retrucara lady Lee.

— Não para mim.

— Lee Heeseung! — Sua mãe enfurecera-se na mesma hora. — Peça desculpas agora mesmo.

— Ele entendeu o que eu quis dizer — replicara o alfa.

Jake, então, não conseguira ficar de boca fechada.

— Entendi?

Heeseung tinha se virado para Jake com um ar de vaga irritação. E clara condescendência.

— Você não quer realmente ir aos eventos.

— Jay também era meu amigo — dissera ele.

— Não tem isso de “era” — disparara Heeseung.

O ômega queria bater nele, que interpretara mal suas palavras.

— Ah, pelo amor de Deus, Heeseung, você entendeu o que eu quis dizer.

— Entendi? — zombara ele.

— Mas que diabo está acontecendo aqui? — explodira lady Lee. – Sei que vocês dois nunca foram próximos, mas não há motivo para esse tipo de comportamento. Santo Deus, parece que vocês têm 3 anos de idade.

I hate him? I love him! - heejakeOnde histórias criam vida. Descubra agora