Capítulo V

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Quando se viu em Daeyang House com um tornozelo torcido e nada para vestir além vestes sujas e uma camisa e um casaco bem empoeirados, Jake não hesitou em examinar o guarda-roupa do amigo, Sunoo, em procura de um traje adequado para um jantar em família. A maioria das roupas tinha saído de moda havia alguns anos, mas isso não incomodava Jake. Para falar a verdade, ele nem teria notado se a criada que a estava ajudando a se vestir para o jantar não tivesse se desculpado por isso.

E com certeza eram mais elegantes do que qualquer coisa que possuía no próprio armário.

Jake achava que o maior problema seria o comprimento, ou melhor, o excesso dele. Sunoo era cerca de oito centímetros mais alto do que ele. Isso sempre irritara Jake (e divertira Sunoo) imensamente; sempre parecera que Jake deveria ser o mais alto dos dois. Mas, como Jake no momento nem podia andar, a questão da altura não representava um grande problema.

As roupas de Sunoo também ficavam um pouco largos no peito, então Jake colocara dois fichus extras no corpete, grato por encontrar ali uma roupa relativamente simples, cujo verde-floresta Jake gostava de pensar que combinava com seu tom de pele.

A criada terminava de prender o cabelo de Jake quando ouviram alguém bater à porta do antigo quarto de Sunoo, onde se instalara.

— Heeseung — disse o ômega, surpreso, ao ver seu grande porte preencher a entrada.

Ele estava elegantemente vestido com um paletó azul-escuro que Jake desconfiava que realçaria os olhos dele se o usasse durante o dia. Botões dourados cintilavam à luz das velas, contribuindo para sua aparência já bastante nobre.

— Srt. — murmurou ele, curvando-se ligeiramente. — Vim ajudá-lo a descer até a sala de estar.

— Ah.

Jake não sabia direito por que estava surpreso.
Sunghoon não poderia ajudá-lo, e o pai dele, que certamente já estava lá embaixo, não era mais tão forte quanto costumava ser.

— Se preferir — acrescentou Heeseung
— Podemos chamar um criado.

— Não, não, é claro que não – respondeu Jake.

Seria muito estranho que um criado fizesse isso. Pelo menos ele conhecia Heeseung. E ele já o carregara uma vez.
Ele entrou no quarto e entrelaçou as mãos nas costas quando chegou perto dele.

— Como está o tornozelo?

— Ainda bastante dolorido – admitiu Jake — Mas o envolvi com uma fita larga, e isso parece estar ajudando.

Os lábios do alfa se curvaram, e seus olhos adquiriram um brilho indicando que achava graça.

— Fita?

Para o horror da criada, Jake ergueu sua veste e mostrou o pé, revelando o tornozelo envolto em uma fita cor-de-rosa.

— Muito elegante — comentou Heeseung.

— Não justificaria rasgar um lençol se isso aqui serviu perfeitamente bem.

— Sempre prático.

— Gosto de pensar que sim — disse Jake, o tom alegre dando lugar a uma expressão um tanto fechada quando lhe ocorreu que isso talvez não tivesse sido um elogio. — Bem — prosseguiu, tirando uma poeira invisível do braço — São seus lençóis, de qualquer forma. Deveria me agradecer.

— Com certeza agradeço.

O ômega estreitou os olhos.

— Estou brincando com você — continuou o alfa. — Mas só um pouco.

Jake sentiu o queixo se erguer alguns centímetros.

— Desde que seja apenas um pouco…

— Não me atreveria a nada diferente disso — replicou o alfa, inclinando-se ligeiramente. — Ao menos não na sua presença.

I hate him? I love him! - heejakeOnde histórias criam vida. Descubra agora