|Capítulo 285|

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...

— Pensei que não viria hoje. — falei sério.

— Bom dia! — ela sorriu espontaneamente, porém não veio até mim.

Mostrando uma intensa timidez, começou a se explicar:

— Me desculpe pelo atraso, não vai mais acontecer, não quero que... — ela parou de falar quando soltou um leve gemido doloroso.

" Ela está com crise de dor e de ausência. É só um pico, logo vai passar e ela vai conseguir sair do quarto escuro." — pensei, observando-a.

Mas não passou. A cada segundo que sucedeu, foi ficando cada vez mais intenso tanto a dor, quanto o esquecimento.

Pois quando ela voltou a me encarar, foi notável que, além dela continuar presa no quarto escuro do esquecimento, a dor foi ficando cada vez mais intensa. E após mais um pico de dor, seguido de um gemido, ela ficou extremamente séria, foi até a sua mochila, tirou o seu crachá e ficou lendo algumas informações.

— Eu trabalho aqui... — ouvi ela sussurrar.

— Estou aqui para ajudar. Diga que ainda precisa da minha ajuda, por favor?! — pediu, olhando em meu olhos.

E ver o seu olhar que demonstra que ela grita por socorro em silêncio, fez o meu coração quebrar em mil pedaços.

— Diga... — proferiu, e quando a vi engolindo seco, me aproximei.

— Eu preciso de você sempre. — respondi, segurando as suas mãos. — Preciso tanto quanto o ar que eu respiro, você é a minha vida, o meu amor. — nesse momento, segurei o seu rosto e quando ela segurou os meus pulsos e viu a minha cicatriz, seus olhos se encheram d'água.

— Você se machucou, eu tenho um curativo... — ela diz, querendo ir até a sua bolsa.

— Não. Eu já me curei, você me curou... — sussurrei, olhando em seus olhos.

— Você me curou, para te salvar, minha doce Liz. — falei em baixo tom de voz e ela mais uma vez gemeu, dessa vez fechando os olhos.

E quando ela voltou a olhar para mim, com o olhar cada vez mais perdido, mantive o meu olhar firme no seu quando novamente sussurrei o meu mantra.

— Oi, eu sou Kevin Carter, o menino que te deu o doce de beijinho e sou o mesmo que te falou sobre o tesouro no final do arco-íris. E você é o meu primeiro e único amor, a garota que dei o meu primeiro beijo. Gentilmente, fui nomeado pelo senhor Pandinha, o guardião do seu castelo. Eu te amo, Liz. Eu te amo, minha princesa borboleta. E eu serei a tua âncora quando o mar ficar revolto com a tempestade. — quando terminei de recitar as ultimas palavras, mais uma vez tive a sensação que ela conseguiu interpretar apenas as últimas palavras.

— Eu também te amo, Kevin. — ela balbuciou e quando eu abracei, ela segurou forte a minha camisa.

— Shhh. Vai passar. — sussurrei, e beijando os seus cabelos comecei a falar um retrato detalhado da nossa jornada.

— Me desculpe. — pediu, e mesmo estando entre lágrimas fez mais uma vez uma intensa expressão de dor. E a mantive em meus braços até o momento em que percebi que ela já estava totalmente em si.

— Como eu pude esquecer que você é o meu anjo doador, o meu anjo do inverno? Como pude me esquecer do nosso filho, dos meus amigos, do Sr. Norton, de tudo? — perguntou, deixando suas lágrimas caírem. Com carinho, limpei o seu rosto e a enchi de beijos.

— Eu não aguento mais essas dores, cada dia está mais forte. — ela diz envergonhada e eu fiquei sério, pois além de estar totalmente preocupado com essa intensa crise de ausência, fiquei preocupado pela maneira como ela saiu de casa e deixou o Adrian.

[CONTINUAÇÃO DA FASE 02] AS ESTAÇÕES DE LIZOnde histórias criam vida. Descubra agora