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Luke Castellan

Escrito por: heliads

Luke Castellan acha que pode se arrepender disso.

Ele está sentado no telhado da cabana de Hermes, seu lugar favorito para fugir do barulho que ocorre em algum lugar abaixo dele. Luke ama as pessoas da Cabana Onze, seus meio-irmãos piedosos e aqueles que não têm um pai verdadeiro e imortal para chamar de seu. Não um que eles conheçam, pelo menos. Isso sempre o incomodou e provavelmente sempre o incomodará.

Apesar da diversão daqueles bons garotos, todos vestidos com camisetas laranja, sorrisos alegres e olhares amargos, o som de toda aquela raiva e rebelião adolescente pode atingir praticamente qualquer pessoa. O toque de recolher já foi anunciado, mas as harpias da limpeza não estarão por perto por um tempo, então Luke se atreve a ficar fora de casa por mais alguns momentos.

As sombras mudam na periferia de Luke e, de repente, ele não está mais sozinho. Luke se vira para ver o intruso, deixando a brisa fresca guiá-lo até a figura que se move em sua direção na semiescuridão. Depois de determinar que não será atacado, ou pelo menos não por um rosto hostil, ele olha para a frente da cabana mais uma vez.

Luke fecha os olhos, deixando o rangido das madeiras e o ritmo suave dos passos lhe dizerem que seu visitante está sentado ao lado dele. Luke responderá à pergunta tácita em breve, esculpirá partes dele para tornar o outro inteiro, mas por enquanto ele se permite aproveitar a escuridão feliz de ninguém precisar dele para nada ainda.

Ainda está aqui, está quieto. A hora tardia deve estar afetando os garotos Hermes abaixo dele; até mesmo os jovens mais indisciplinados murmuram sobre o sono e querem ficar em silêncio por enquanto. Luke consegue ouvir os insetos sussurrando na floresta, o clique das pinças, o barulho da grama bem abaixo dele. Luke sabe o que está por vir, mas, deuses, se ele não se odeia por querer tanto isso.

Alguém pergunta: "Posso entrar?" Lucas não recusa. Ele alguma vez?

Começou mais cedo, tudo isso. Claro que sim. O mundo deles não é um mundo de meros começos e fins. O passado alimenta o futuro, o presente serve ao passado. Você não pode puxar um único fio de uma tapeçaria e esperar ver a história toda.

Luke Castellan está acostumado com pessoas que chegam sem avisar à cabana de Hermes. Raramente foi um lugar apenas para seus meio-irmãos, se é que realmente foi. Não, Hermes era o pau para toda obra, então sua casa, por extensão, também deve ser a mesma. Os beliches estão sempre lotados, o chão sempre ocupado por sacos de dormir e formas enroladas de pessoas que nunca saberão quem realmente são.

Isso costumava deixar Luke furioso. Ainda existe, mas essa raiva foi contaminada por outra coisa, uma espécie de tristeza sombria que lhe diz que os tempos ruins continuarão chegando e chegando. Todos os dias, mais crianças não reclamadas são enviadas para cá. Se você ficar furioso com cada nova chegada, o ódio nunca o deixará ir. Às vezes, isso é mais tentador do que deveria ser.

Há uma alma não reclamada com a qual Luke nunca se importou, e essa seria S/N L/N. Eles vieram para o acampamento pela primeira vez há alguns anos; ninguém sabe quando com certeza, nem mesmo Luke ou S/N. Tais detalhes de chegadas aparentemente inconsequentes raramente são escritos nos grandes livros de história. As crianças reivindicadas sempre foram mais importantes, especialmente as crianças dos deuses mais importantes. Alguma sombra de outra indecisão receberá apenas uma camiseta do acampamento, uma arma e uma promessa vazia de que poderão, em algum momento, saber quem são.

Então a cabana de Hermes ganhou outra alma para bater contra suas paredes como uma mariposa presa no escuro, quem se importa. Lucas fez. Ele ainda gosta, porque S/N não era apenas mais um semideus não reclamado, eles eram seu melhor amigo. Eles planejam até tarde da noite como consertariam este lugar se algum dia estivessem no comando. Metade das cicatrizes nas laterais de Luke são de todas as vezes em que eles lutaram juntos e S/N conseguiu passar por sua defesa. Luke cura algumas dessas feridas com néctar ou ambrosia, mas não todas. Alguns estão bem, para lembrá-lo de quanto ele sangraria e morreria por S/N se tivesse a chance.