Rei de Copas

♠ Tre ♠

-Não consegui trazê-la de volta, me perdoe -Dante falou com a cabeça baixa de forma submissa frente ao tio.

-Você o quê?! -Antônio perguntou descrente com aquelas palavras, sua raiva estremecia junto com a cor dos seus olhos -eu te dei essa tarefa porque é o único dentro desta casa que sei que tem capacidade para isso e você falha?!

-Eu peço perdão, fiz tudo o que estava ao meu alcance para trazê-la para cá.

Um segundo depois, Dante sentiu o gosto de sangue na boca, seu tio o tinha esmurrado.

-Seu inútil! Você sabe como dependíamos disso! -Antônio continuou batendo e chutando até que Dante caiu no chão imobilizado e sangrando.

-Tio… ela está grávida, o que poderia fazer?

-Ela está o quê?! Caralho, por isso você não a trouxe de volta, ficou com pena dela e de um maldito bastardo?! Eu não o criei para ser assim, Dante! -E novamente seu tio puxou sua cabeça e jogou contra o chão manchando-o de vermelho -você tinha apenas uma função! Trazê-la viva ou morta! Podíamos muito bem abortar aquela coisa dentro dela e obrigá-la a andar até o altar sangrando! Mas não, seu cretino, você tinha que hesitar em seguir uma ordem do seu superior! Da única pessoa que lhe estendeu a mão dentro desta casa, o único que fez algo a você depois que sua mãe morreu! 

O pescoço de Dante foi apertado por aquelas mãos brutas e fortes tempo suficiente para sufocar, o ar faltava e já sentia sua consciência o deixando.

-Onde vamos encontrar alguém nesta casa para se casar no lugar da Lúcia, ein? Você tem alguma ideia? Porque nem fodendo que voltaremos atrás neste acordo, já perdemos muito e eu não perderei milhões de dólares por causa da sua compaixão insignificante pela puta da minha filha!

-Tio… -Dante sentiu a mão apertar ainda mais e seu pescoço estalar, se continuasse assim seus momentos na Terra estavam contados.

-É você! Você que se casará no lugar dela, afinal de contas, por trás de toda essa monstruosidade ainda há um ômega, não é mesmo?

♠♦♣

Sua mãe consertava mais uma vez o terno.

-Já falei que está bom, anne.

-Meu filho, hoje é um dia importante para todos nós! Seu casamento! Não sabe como eu e seu pai estamos.

-Felizes? Felizes em me casar com uma Bianchi?

-Você sabe o que isso significa, finalmente essa guerra vai acabar. Será mais seguro para nós, será mais lucrativo também quando eles nos permitirem comercializar na área deles.

-Anne, nós vendemos drogas! Não deveria ser um impedimento para eles que vendem armas.

-Querido, as coisas não são como queremos, você bem sabe disso. Agora sorria e diga sim lá no altar, está bem?

-Nem sei como é essa garota.

-Isso é o de menos, nenhum se iguala a nossa beleza, mas seus filhos serão lindos, ficará tudo bem.

Ele pegou o champanhe que estava sobre a mesinha e com receio bebeu.

-É o que veremos.

Sua mãe saiu em seguida do quarto, mas alguém bateu na porta.

-Não, anne, meu terno já está bom o suficiente!