♠ Trentatre ♠

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Em poucos minutos todos estavam uniformizados, eram cerca de trinta homens e mulheres, todos de preto, usando coletes a prova de balas, coldre axilar e nas pernas, todas as roupas encharcadas de munições, bombas de fumaças e até granadas. 

Estava nevando e fazendo um frio extremo, mas os corpos próximos uns dos outros para ouvir o plano novamente faziam com que ficassem aquecidos, além disso, Leyla passava um cantil contendo conhaque de mão em mão.

Dante e Alev estavam apontando para a planta do depósito, um lugar no meio do nada usado para abater gado, por isso tantas saídas de esgoto, para o escoamento de resíduos e era por esse mesmo motivo que tinha sido fechado: a contaminação. Mas fazia alguns anos, a linha de esgoto estava praticamente seca e era pelas quais cada um dos Yildiz se dividiria com os homens para entrar. Sete entradas, sete Yildiz, todos esses pontos deveriam ser armadilhas ou homens de Antônio prontos para atacar ou detonar com explosivos. Assim que eles passassem separadamente iam se encontrar em um duto em comum para por fim entrar no depósito.

E aí que ficava mais difícil, cada um por si. Aquele lugar devia ser um covil cheio de ratazanas pronto para matá-los. Todos deviam ser mortos, mas uma regra estava acima de tudo e todos, quem chegasse próximo de onde estava Asaf deveria cessar os tiros, a segurança do bebê estava em primeiro lugar, independente de qualquer coisa, até de sua vida.

Obviamente Dante sabia que Antônio devia estar com o bebê, por isso, era ele que tinha que ser o primeiro a chegar até eles e talvez assim pudesse acontecer a barganha.

-Que Allah esteja com vocês -Osman disse quando todos já estavam posicionados em seus lugares, ele falou pelo walk talk. Todos responderam com algo e assim eles se enfiaram na escuridão de um duto de esgoto.



Alev entrou em um dos três dutos principais, havia dutos na frente e na lateral do terreno. Ele estava com uma 44 Magnum enquanto segurava uma lanterna, ele seguia liderando com cinco homens atrás dele, todos bem posicionados, até a altura de suas panturrilhas havia um caldo esverdeado e putrefato que incomodava o nariz como um ardor ácido, mesmo com os coturnos de couro molhados, eles pisavam com firmeza cano a dentro. 

Todos deviam ficar em silêncio, o farfalhar das roupas pesadas umas nas outras causava um eco ensurdecedor junto com os respingos de água no chão, parecia um som proposital para confundi-los enquanto seguiam adiante.

Alev olhou atentamente para a depressão que eles teriam que entrar mais ainda para depois submergir, lá dentro o odor era ainda mais podre e uma ânsia subiu.

-Vamos descer -ele avisou.

Um homem passou a corda que foi amarrada em uma haste de ferro retorcida e assim, um por um foram descendo. O lugar ali era uma completa escuridão, sons ainda mais perturbadores de ratos enormes comendo uns aos outros, Alev prosseguiu até seu walk talk apitar.

-"Câmbio. Leopardo na escuta? Câmbio.” -Era a voz de Leyla.

-Câmbio. Gavião. Na escuta. Qual a situação de vocês? Câmbio.

-"Câmbio, Leopardo. Já encontramos surpresas, fomos atacados na entrada no duto leste, perdemos um homem. Câmbio."

-Câmbio, Gavião. Deixe o corpo de lado, voltamos depois para resgatá-lo e prossigam com a missão. Câmbio, desligo.

A primeira perda da missão, ele sabia que não seria a última. Ainda havia uma longa noite e uma madrugada extensa pela frente.



Dante fez uma barricada improvisada com os lixos encontrados naquele esgoto, estava uma escuridão total apenas interrompida pelos feixes de luz causadas pelas balas que acertaram o ferro e trincavam. A Desert Eagle era carregada novamente, golpeada, posicionada e apertada o gatilho diversas vezes até que uma série de gritos e corpos caíam no chão formando um monte. Os seus homens faziam o mesmo repetindo o processo conforme chegavam mais capangas. 

Rei de CopasOnde histórias criam vida. Descubra agora