Rei de Copas

♦ Venticinque ♦

-Dante! -Alev correu derrubando o que estava nas mãos para puxar a arma que o marido segurava contra a cabeça.

Dante se assustou.

-Meu Deus! Que porra você ia fazer?!

-Me solta.

-Já chega! Já chega, Dante! Você ia se matar! Você ia se matar! -Alev gritava apertando seus pulsos fortemente.

-Isso não te interessa.

-Não me interessa?! É claro que me interessa! Não vou deixar que se mate!

-Eu mandei me soltar, cacete!

-Me diga, Dante, o que eu posso fazer? Me diga, por favor, Aşkım!

-Me deixe sozinho. Me deixe fazer o que eu quero.

-Não! Eu não vou deixá-lo!

-Mas eu quero que me deixe! Quero terminar o que eu sempre devia ter feito! Quero terminar o que minha mãe deveria ter feito desde o início! Ela devia ter me matado!

-Céus! Não diga isso! O que sua mãe fez por você foi por amor, você vai jogar isso fora? Dante, tudo o que ela lutou seria jogado fora, olha pra mim. Olha de verdade pra mim!

-Eu não aguento mais. Eu não aguento mais! Eu não aguento mais isso!

-Eu não vou deixar você desistir. Olha eu aqui, eu amo você, Dante, eu amo você.

-Você nem queria se casar comigo. Você odiou se casar comigo! Eu lembro da sua cara, eu lembro dos comentários que você falou, eu lembro de tudo! Você só está casado comigo porque sua noiva fugiu, porque se não fosse isso você nem mesmo dirigiria a palavra até mim, eu seria invisível e hoje você fala essas coisas! Eu me importo, Alev! Eu me importo com tudo mesmo que eu finja que não!

-Então se importe! Se importe e jogue tudo o que está sentindo em cima de mim! Eu quero saber sua dor, eu quero entendê-la, Dante!

-Você não me ama, você só ama o que meus feromônios causam em você, isso é uma mentira, porque nunca ninguém faria algo assim por mim, eu sei que é mentira e eu quero que acabe logo!

-Eu fui uma pessoa completamente sem noção quando eu casei com você. Eu fui uma pessoa imatura e ridícula que te tratou daquela forma, mas eu me arrependi e eu comecei a sentir um amor tão forte por você. Caramba, eu sou um homem da máfia, acha que eu sou facilmente influenciado por feromônios? Seu cheiro faz parte de você, eu amo isso também. Amo tudo em você. Tudo. Tudo. Tudo.

Dante soluçava.

-Eu preciso do homem que eu amo, do pai do meu filho. O nosso bebê, Dante, precisa nascer. Eu sei que você o ama, eu sei.

-Eu não quero ser o pai dele -seus lábios tremiam -eu não quero que meu bebê tenha um pai como eu, eu não mereço ser pai dele. Eu não aguento mais essa vida. Eu não aguento mais matar. Eu não aguento mais carregar a culpa de tantas mortes, eu já matei tanta gente, eu já fiz tantas coisas ruins, eu mereço sofrer, mas eu não quero mais. Eu não quero mais nada.

Dante desabou sobre o chão em choro, seu corpo parecia tão frágil e cansado. As lágrimas eram tão rápidas e sucessivas e os tremores causavam arrepios por toda sua pele.

Alev correu até ele e o envolveu em seus braços como um casulo, Dante apertou em resposta continuando a chorar, a soluçar e tremer. Alev beijava seus cabelos, segurava fortemente seu corpo sem hesitar, além de liberar um aroma de almíscar no ar.

Ele ficou sentado com Dante no chão por horas até o choro suavizar, até sentir o corpo do ômega mais mole em seus braços, mais calmo e ofegante, ainda cansado, tão frágil e vulnerável.