Rei de Copas

♦ Sedici ♦

Alev queria chorar.

Ele queria chorar por estar de madrugada em uma farmácia comprando uma pílula do dia seguinte para nó, queria chorar por desperdiçar um nó tão lindo quanto aquele. Não era fácil nem comum enlaçar com um ômega, ambos estando fora do cio, mas voilà.

Além disso, ninguém nunca contou como ficava o pau depois do ocorrido. Puta merda! Como aquilo doía! Estava tão sensível que o roçar na calça que estava usando fazia arder.

-O senhor precisa assinar aqui -um homem jovem e risonho atrás do balcão estendeu um papel e uma caneta -desculpa fazer o senhor passar por isso, mas é uma regra da farmácia para termos um controle. Muitas pessoas usam essa pílula como abortiva então não podemos vender muitas para uma pessoa só.

-Tá, tá. Eu entendi -Alev queria chorar ainda mais agora.

-Sabe, a pílula do dia seguinte serve para a pessoa não ovular, mas a fecundação acontece poucas horas depois da relação, então se pararmos para pensar já…

-Tá, entendi! Agora cala a boca -Alev interrompeu grosseiramente, já tinha coisas demais para pensar e seu pau estava latejando de dor.

-O senhor pode colocar gelo em cima -disse o atendente novamente apontando para sua calça.

-Ok.

-Ah senhor, mais uma coisa. O remédio dá sonolência e muito enjoo, então a pessoa que vai tomar não pode vomitar por no mínimo duas horas depois de tomar, se não, o corpo não vai absorver o suficiente e não vai surtir efeito e é normal o cio ficar desregulado depois.

-Certo, obrigado.

Alev voltou para o carro e seguiu para casa.

Quando chegou Dante ainda estava no banho, ele bateu na porta e entrou.

-Você quer ajuda?

Dante negou. Seu corpo estava imerso na banheira, era a primeira vez que o via usando. Seu cabelo estava para baixo devido a água, seu rosto aparentava cansaço e os olhos com as pupilas dilatadas. Ele estava lindo.

-Consegui tirar o máximo possível da sua porra.

Alev se aproximou e o beijou.

-Tá tudo bem?

-Eu não consigo ir hoje até seu pai.

-Não, não, eu sei disso, mas o mais rápido possível, estou perguntado sobre seu corpo.

Dante franziu a testa.

-Eu acho que sim.

-Eu comprei o remédio, tá lá embaixo.

Ele assentiu. Quando Dante se levantou, suas pernas tremeram um pouco e Alev o apoiou para sair.

-Estou mentindo. Meu cu está doendo para um caralho.

-O atendente da farmácia falou tanto a respeito disso que eu sei que o que está doendo não é seu cu, é o colo do seu útero.

Dante deu uma risada nasal.

-Ninguém liga. Tá doendo em mim de qualquer forma.

Alev o levou para o quarto e enquanto estava sentado na cama o secando, ele o abraçou por trás e beijou sua nuca. Dante retribuiu, virou e passou seu braço em volta da cintura. As testas de ambos se encostaram uma na outra.

-Eu te amo -Alev falou voltando a roçar seus lábios no dele.

-Cadê o remédio?

-Vou trazer algo pra você comer e o remédio. Não pode vomitar por no mínimo duas horas.