Não sabia se era dia ou noite, Anjum só sabia de uma coisa, ela iria para a forca. De manhã, quando um guarda veio entregar comida para ela, ele a avisou, em dois dias a coroa da princesa seria exposta para o povo, e junto dela o seu enforcamento.Ela queria gritar, queria quebrar todo aquele lugar, explodir todos. Seus próprios primos a entregaram para morte, se fosse para ir embora desse jeito ao menos queria ter dado aquele beijo em Sneha, queria ter dito o quanto a ama, que é era a ela quem ela queria e não a coroa.
O tempo foi passando, dentro da cela a garota só conseguia chorar e socar as paredes, na esperança que alguma delas magicamente cedesse. Mas depois de um tempo foi a porta que se abriu.
— Raatri Chor, venha.
— Já é o dia do enforcamento?
— Não. Pare de chorar. Tivemos um… imprevisto. Venha.
Anjum então acompanhou o guarda, foi puxada pelo braço pelos corredores até chegar em uma grande escada, que provavelmente daria para o haveli imperial. O homem começou a subi-la com ela vindo atrás cambaleando, pensando no que a esperava lá em cima. A primeira coisa que viu quando chegou no último degrau foi Mahaanatam, o cavalo estava sendo segurado por um homem, do lado desse se encontravam o Imperador e o comandante do exército.
— Olá, Raatri. Quanto tempo. — o comandante disse. — Curve-se, não vê o imperador aqui?
— Não vou me curvar a quem matou minha família e me prende aqui.
— Ignorante e teimosa como sempre… Curve-se!
— Comandante — o imperador falou com rispide. — Vamos pular essas coisas, temos que resolver algo mais importante. Encantador, por favor.
Então o terceiro homem deu um passo à frente, ele segurava as rédeas de Mahaanatam.
— Olá, senhorita. Prazer, eu sou o encantador do Império. Indo direto ao ponto, posso fazer diversas coisas que um humano normal não consegue, eu treinei Mahaanatam para ser um bom farejador, a obedecer a comandos reais, a proteger e cuidar do Império com lealdade. E assim como ele nos entende, eu consigo entendê-lo. Esse cavalo esteve perdido por dois dias, e hoje apareceu aqui com um dos seus cartazes de procura na boca, estava louco! Ficou balançando o cartaz com o desenho de você para um lado e para o outro, tentou descer essas escadas e entrar nas celas. Quando enfim consegui acalmá-lo, ele começou a relinchar para as flores de hibisco, para sua medalha em homenagem à princesa, para a coroa que você roubou. Então foi isso que entendi: você, Raatri Chor, Ladra da Noite, encontrou a princesa perdida.
Todos na sala ficaram em silêncio, a expressão de Anjum era de confusão. “Eles só podem estar loucos. Princesa perdida? Que princesa perdida o quê, eu só roubei a coroa dela.”
— Não sei do que vocês estão falando…
— Se você quem sequestrou a princesa, revele agora onde ela está.
— Eu não sei do que vocês estão falando! Como assim eu encontrei a princesa? Eu só roubei a coroa dela, ela nem estava aqui para eu sequestrar, como eu sequestraria algo que já está perdido?
Então Mahaanatam saiu cavalgando da sala, e voltou puxando uma mulher pela barra da saia do sari.
— Mahaanatam! Mahaanatam, você está louco? Solte, me solte.
— Imperatriz. — o comandante do exército falou e todos da sala se curvaram, menos Anjum.
— O que aconteceu com o Mahaanatam, por que ele está assim?
O cavalo mordeu a ponta da trança da Imperatiz e a levantou, olhando em direção a Anjum. A garota ficou alguns segundos observando aquela cena, tentando entender o que Mahaanatam queria dizer. "Cabelo? Trança?". Então ela entendeu.
— Sneha. Meu deus, porra, Sneha.
— Olha a boca!
— Mahaanatam, como você sabe que a Sneha é… como?
O cavalo mordeu a corrente da Imperatiz, puxou ela do pescoço fazendo arrebentar e trouxe até Anjum, a jogando na sua mão. Quando a garota abriu o pingente do colar viu o desenho de uma menininha sorrindo, parecia ter uns 5 anos. A sua pele era escura, o seu cabelo tão preto quanto carvão, o nariz e o sorriso idênticos ao de Sneha.
— Se você criou Mahaanatam para obedecer a família imperial, — Anjum falou olhando para o Encantador — então faz sentido o jeito que esse cavalo foi domado tão rápido por Sneha. Ele deve ter percebido...
— Onde ela está, diga agora ou irá agora mesmo para forca. — a Imperatriz disse, atravessando a sala e tirando o colar das mãos de Anjum. — Só podia ser… esse tipo de pessoa, esses… árabes… é claro que foi um desses que sequestrou a minha filha.
— Mãe. — o imperador se aproximou segurando o ombro da imperatriz. - Mahaanatam já teria matado Raatri se fosse ela quem a sequestrou. Mirai está lá fora em algum lugar e essa garota pode ajudar a encontrar, então se acalme.
— Mãe? Você não é o imperador? Ela não é tipo…
— Meu pai morreu há pouco tempo, eu me tornei o imperador então. Enfim, Raatri, se encontrou a princesa poderemos perdoar seus crimes, não será mas enforcada... Mas precisa nos dizer, onde está Mirai?
— O quê? Ravit! Seu pai tentou prender essa mulher por anos!
— Você deveria estar preocupada com sua filha, não em matar mais gente sem motivos. Vá embora, mãe, e me deixe resolver os problemas que vocês não resolveram. — a mulher bufou e deixou a sala. — Raatri, nos diga.
- Eu posso encontrá-la... Ela foi sequestrada por uma senhora, não vai ser difícil lidar com ela e trazer a princesa.
- Você quer lidar com a sequestradora da princesa perdida, que manteve ela consigo durante todos esses anos sem ser pega, sozinha? Você está louca?
— Sabe... eu meio que roubei a coroa de dentro desse haveli e vocês não conseguiram me pegar até eu ser entregue… Eu conheço a floresta. Eu sei como invadir um lugar e roubar algo, nesse caso alguém, de lá. Então é só me emprestar o Mahaanatam, me dar meu niqab e uma faca que eu resolvo isso. Logo logo a princesa estará aqui sã e salva.
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Estrelas Flutuantes - Uma releitura sáfica de Enrolados
RomanceSneha viveu quase 18 anos presa dentro de uma torre, convivendo apenas com sua mãe. Alguns dias antes de seu aniversário de 18 anos uma garota escala a torre e entra em sua casa, é Raatri Chor, a Ladra da Noite, a criminosa mais procurada e conhecid...