8. RAATRI CHOR

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Raatri nadou, nadou como nunca havia antes, porque sua vida dependia disso. E então se segurou em uma pedra, tentando alcançar a entrada na montanha que vira Sneha entrando, enquanto via os soldados passando pela água, o rio levando eles pelo vale.

Assim que passou pela entrada, nadou pela caverna rezando para que a menina já tivesse conseguido chegar na saída, rezando para que não encontrasse ela caída no meio do caminho. Mas não encontrou, encontrou no final da caverna, um final sem saída. Sneha estava encostada em uma parede, com as mãos no rosto, chorando alto.

— Eu só queria ver as estrelas… — dizia ela soluçando — Eu só…

E então ela viu Raatri saindo da água, e nadou até ela a abraçando.

— Raatri, me desculpa, é tudo culpa minha. Se eu não tivesse te feito me acompanhar, se eu não fosse tão lenta, nós não estaríamos aqui. Agora nós vamos morrer, eu não vou conseguir devolver sua coroa, não vou ver as estrelas e você não vai poder ir morar numa ilha!

— Menina — Raatri falou rindo enquanto tossia água — você achou mesmo que o meu sonho seria só morar numa ilha? Até aqui, presa nesta caverna, ao ponto de me afogar, você me faz rir.

— Nós vamos morrer, Raatri. Nós vamos morrer!

— Calma, menina. Não desespera, tem que ter um jeito.

Então Raatri mergulhou, procurando alguma pedra solta, alguma saída, e sentiu Sneha puxando ela para cima.

— Louca! Você quer se matar?

— Estou procurando uma saída, vou tentar puxar as pedras do fundo.

A água subia cada vez mais, enquanto as duas tentavam com todas suas forças puxar ao menos uma pedra. Quando não havia mais jeito, quando parecia ser o fim, as meninas sentiram a pressão da água saindo por algum canto. Raatri correu para onde vinha, um pouco atrás de onde estavam, e começou a puxar as pedras.

Elas caíram em um rio, lutando para se manterem de pé e tentando colocar a cabeça fora d'água. A ladra conseguiu primeiro, puxando a menina até si trouzendo até a superfície, onde as duas ficaram tossindo para recuperar o fôlego por um bom tempo.

— Que loucura. Belo primeiro dia fora de casa, ein menina?

— Quando é que você vai parar de me chamar de menina? — Sneha disse dando um empurrão nela.

— Quando você me devolver a coroa a gente vê. — Raatri então devolveu o empurrão, que fez as duas caírem no chão rindo. — A gente sobreviveu!

— Sim!

Sneha agarrou a cintura de Raatri em um abraço, que ficou surpresa e não devolveu. Segurou os ombros da menina e a afastou, se soltando do aperto dela.

— É… — a ladra disse tentando encontrar um jeito de arrumar o clima estragado. — Estou com frio, vou procurar galhos para fazer uma fogueira.

Estrelas Flutuantes - Uma releitura sáfica de EnroladosOnde histórias criam vida. Descubra agora