12. RAATRI CHOR

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As duas se esconderam com o cavalo debaixo de uma ponte no final da cidade. Ninguém procuraria elas lá, Raatri avisou, pois fora assim que ela se escondeu toda a sua vida.

Sneha estava sentada ao seu lado, respirando pesadamente tentando recuperar o fôlego. Raatri desviou o olhar, não conseguia olhar para ela, não conseguia lidar com o que pensava quando olhava para ela. Lidar com a lembrança de pegar na sua cintura em cima de Mahaanatam… dos seus dedos entrelaçando nos dela, enquanto agradecia por tê-la tirado de perto do velho. Ela agradeceu por defendê-la do homem, mas o que pensaria se soubesse que poderia fazer o mesmo pedido se tivesse coragem?

— Porra… que dia. — Raatri enfim disse.

— Até aqui você não esquece essa "porra".

— Tá vendo, pelo menos aprendeu a usar. — a garota respondeu e riu.

— Porra, porra, porra, porra, porra, po-

— Será que você poderia parar de repetir “porra”? Você vai me matar de rir.

Depois de um tempo em silêncio, Sneha voltou a falar.

— Raatri… as estrelas… o Diwali, é hoje.

— Sim.

— Eu vou ver as estrelas flutuantes…

— Sim, você vai. Você vai realizar seu sonho.

— E você quem me trouxe até aqui…

— Era o nosso acordo, não era?

— Mesmo assim, obrigada. — Sneha a abraçou, e dessa vez ela devolveu o abraço, a apertando forte, com medo de que fosse embora, com medo de nunca mais vê-la.

— Depois do Diwali… o que vai fazer?

— Vou voltar para a torre, para a minha casa.

— Aquele lugar não é sua casa, Sneha… aquela mulher, sua mãe… ela te prendeu lá por 18 anos. Ela vai continuar te prendendo.

— Acho que está tudo bem, já fui longe demais… e o mundo aqui fora… é complicado.

— Você nunca mais vai ver as estrelas.

“Você nunca mais vai me ver” ficou preso na garganta de Raatri.

— Não tem problema… preciso voltar para mamãe.

— Se mudar de ideia, me avise.

Então Raatri se afastou, se levantando e indo sair debaixo da ponte.

— Estou indo buscar uma canoa, vamos precisar porque eles soltam as luzes no rio... Já volto.

Então deixou Sneha sozinha, apenas ela, seus pensamentos e o cavalo.

Estrelas Flutuantes - Uma releitura sáfica de EnroladosOnde histórias criam vida. Descubra agora