E SE?

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Eu estive pensando, e se eu fosse um pássaro? Para onde iria? E até onde iria?

Eu testaria meus limites com toda certeza e voaria até onde minhas asas não aguentassem mais, até onde eu pudesse ver um pedacinho que seja do universo, e então eu cairia, caia, caia e caia, cada vez mais rápido, nesse momento eu não pensaria em nada, só observaria a sensação, a pressão e quando estivesse perto do chão eu colocaria toda força possível para subir, com certeza machucaria um pouco das minhas asas, porém, teria válido a pena sentir a vida pulsar, e a vontade de viver sempre mais.

Às 6:00 AM, o despertador toca.
Eu abro meus olhos castanhos, tudo está meio turvo ainda, estou suada.
- De novo esse sonho, murmuro.
Olho para a única frecha de luz que entra no meu quarto, vindo do canto da cortina.
Bora lá, o último ano do ensino médio.

Sem planos, faculdade, nem sei o que vou fazer ainda, mas, deixa, isso não importa tanto no momento, não para mim, penso.

Meus pais sempre foram meus amigos, mas são pais, e querem obviamente o melhor para mim, sempre estão perguntando sobre meu futuro, mas eu não quero ser médica, não quero ser advogada, não quero ser nada disso, se eu pudesse escolher algo seria algo relacionado a artes, mas dizem que artistas são pobres, e eu me pergunto, o que é riqueza para eles?

Acho que eu tenho uma visão diferente sobre isso.
- Estou atrasada!
Me arrumo e vou para a escola.

Minha escola fica uns 30 minutos da minha casa, tem um ônibus que passa às 6:30 AM em ponto, eu sempre vou a pé porque sempre me atraso, eu não sou uma pessoa popular, e nem quero ser, tenho alguns colegas, mas nada de muitas amizades.

Eu sofri muito bullying até a 6 série por ser muito tímida, hoje não sofro tanto, vez em quando tem alguém que joga alguma piadinha, mas eu realmente não ligo mais.

Entro na sala, sento na minha mesa.

- Estranha, oi, estranha, escuto risadas, volto meus olhos ao meu caderno, suspiro.

O professor entra na sala, - Galera, temos uma aluna nova, você pode se apresentar por gentileza?

Vejo um vulto levantar atrás de mim.

- Olá, eu me chamo Naomi, tenho 17 anos e sou nova na cidade, espero que esse último ano seja uma experiência incrível, tenho bons planos.

- Mais uma popular, penso, reviro os olhos.

Professor: Certo, vou passar um trabalho para vocês, quero duplas. Naomi, primeiramente seja bem-vinda, a Alice será sua dupla.

Imediatamente, meu coração bate forte, penso, mas que droga!

Depois de um tempo, o sinal toca, saiu sem nem olhar para trás, tropeço no cadarço do meu all star, arrumo e continuo andando.

Eu estou nervosa porque detesto fazer trabalho em grupo, principalmente com essas pessoas populares. Eu não vejo a hora desse ano escolar terminar, bebo uma água, escuto uma música e volto para a sala.

Ao sentar, sinto um cutucão no meu ombro, sinto um calor se aproximar de mim, - Você é a Alice?

Eu fico vermelha, mas tão vermelha, eu não viro e só respondo, -sim.

Naomi levanta e senta na minha mesa, sua perna quase encosta na minha, então olhei para ela.

Os mistérios de Alice Onde histórias criam vida. Descubra agora