A minha família era muito religiosa, íamos a missa todo santo domingo. O único que ia praticamente obrigado, era eu, a ovelha negra da família. Já até me chamaram de satanista, e vivem inventando apelidos para mim, coisa que eu não faço o mínimo esforço para desmentir.
Se diziam que eu era satanista, ótimo, então eu era. Se falavam que eu participava de uma seita, tudo bem, então eu participava. Se me chamavam de viado porque eu pintava as únicas de preto, beleza, então eu sou viado e com orgulho.
A única coisa que não podiam dizer, era que eu era desobiente aos meus pais, pois era uma grande mentira, eu fazia tudo que eles mandavam. Mesmo que sentisse que eles não gostavam de mim, que não tinham orgulho, eu fazia a minha parte.
Eles me achavam um caso perdido por andar todo de preto, cheio de correntes e por fazer tatuagem pelo corpo, mas não me proibiam de nada.
Minha irmã era uma santinha, sempre andava na linha e parecia a personificação da barbie, eu a odiava. Mas ela tinha algo de bom, era a melhor amiga da outra santinha, a filha do reverendo da igreja que frequentamos.
Farah, ao contrário da minha irmã, era toda doce e vivia dando sorrisos para todos. Qualquer moleque da cidade sonhava em tirar a virgindade dela, inclusive eu, podia até visualizar aquela santa chupando o meu pau.
Ela era diferente das outras meninas, eu tinha que admitir, não me olhava estranho e sempre me cumprimentava, não parecia ter problema com o meu jeito ou as minhas tatuagens.
Em um certo domingo, na cozinha da igreja, estávamos sozinhos fazendo um pratinho de café da manhã, estava tímida como sempre e linda. Farah usava um vestido até depois dos joelhos, meia calça branca e botas, por cima dos ombros um casaco felpudo, não deixava espaço nenhum para a imaginação. Contudo, a minha deveria ser muito fértil, pois eu não parava de imaginar como devia ser aquela pele corada debaixo de mim, o tamanho dos peitinhos de mocinha, a barriga lisinha e seu monte de vênus virgem com pelos encaracolados e de pequenos lábios.
— Por que está me olhando, Jughead? — Pisquei e vi que Farah me encarava enquanto eu percorria seu corpo com os olhos.
— Só ia dizer como o seu vestido é bonito.
— Ah, obrigada. — Ela sorriu e se olhou, o cabelo estava sempre muito bem preso em um coque baixo e ela não usava nada de maquiagem.
— E como vão as suas aulas? — Puxei assunto para passarmos do habitual "oi, tudo bem?", e ela sorriu enquanto escolhia uns biscoitos para por em seu prato.
— Tudo bem, na verdade eu queria te perguntar algo... — Ela ergueu os olhos pra mim e abaixou de novo. — Você já ouviu o Daniel falar alguma coisa de mim?
— Não — respondi, seco. Daniel era o garoto mais playboy do nosso círculo, o típico cara que os pais dela iam querer que ela se casasse. Ele e eu estávamos longe de sermos amigos, nem olhávamos na cara um do outro.
— Ah, tá. Acho que não sou tão interessante para ele...
— Talvez você só esteja procurando no lugar errado — falei, rezando para ela entender as minhas intenções. Farah ergueu os olhos pra mim e dessa vez não desviou.
— É... Bom, as pessoas dizem boatos sobre você, então eu não sei se...
— Se o que? Quais dos mitos sobre mim mais intimida você? — Fez cara de desdém e tentei sentir raiva dela, mas não conseguia, ela era doce demais.
— Não me intimida, é que se você não gosta de mulheres, então... — Ela deu de ombros e baixou o olhar para a mesa de novo. Suspirei e me movi, parando bem nas costas dela e encostando em seu corpo para falar em seu ouvido.
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Tempo de Desejo
ChickLitEsta é uma coletânea de contos adultos, se os assuntos abordados não forem do seu interesse, assim como listados nas notas, por favor, não prossiga com a leitura. "Tempo de desejo" é a minha terceira obra de contos adultos, as minhas duas outras ob...