Esta é uma coletânea de contos adultos, se os assuntos abordados não forem do seu interesse, assim como listados nas notas, por favor, não prossiga com a leitura.
"Tempo de desejo" é a minha terceira obra de contos adultos, as minhas duas outras ob...
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Natal, época de confraternizar com a família e amigos, de agradecer pelo ano que passou, pela saúde e de juntar a família toda.
Todo ano, a nossa humildade casa de mais de 2 mil m² se transformava em uma pensão para acomodar os nossos parentes por parte de mãe e pai. Não dá pra dizer que eu amava, mas dá para dizer que odiava.
Tios fazendo perguntas idiotas e inconvenientes, primos chatos e sem noção, avós tentando empurrar comida goela abaixo nos netos, fora os que vinham de penetra. Namoradas novas, homens estranhos que minhas tias arrumavam. Meus primos que não sabiam com que garota ficar, minhas primas com seus velhos da lancha.
Eu realmente não sabia o que elas tinham na cabeça para ficar com homens que tinham a idade dos nossos avós.
Me preparei o ano inteiro para esse evento, pedi incontáveis vezes para os meus pais me deixarem viajar para bem longe daqui, dar qual desculpa para minha ausência, mas não deu certo. Não tinha escapatória.
O mês de dezembro chegou e eu estava cada dia mais desanimada por mais um Natal cheio e barulhento, até que meu pai pediu licença e entrou no meu quarto com as mãos pra trás e um sorriso gigante.
— Eu tenho uma surpresa pra você!
— Espero que seja boa e importante, estou estudando — digo, fazendo pouco caso. Nada é uma surpresa quando se tem tudo, eu sabia que não era uma passagem para longe, pois meus pais gostavam de exibir a filha inteligente e bonita para os seus irmãos e os agregados.
— Estudando? As aulas já acabaram, você passou com nota máxima, não precisa mais estudar. Deixa para a faculdade, ano que vem.
— Estou entediada e estudar me ajuda a pensar.
— Acho que posso acabar com seu tédio. — Meu pai ficou mais próximo de mim e estendeu um cartão black. O cartão dele, sem limite, até fiquei um pouco surpresa, mas nem em compras eu estava pensando mais.
— Obrigada, mas não estou a fim de sair.
— Nem se eu disser que talvez você vá querer comprar um vestido ao invés de usar um casaco natalino, pois o natal em família foi cancelado e na verdade quem passará o natal conosco serão meus sócios?
Agora a história mudou totalmente de rumo. Larguei caneta, marcador de página, folhas... Tudo para prestar o máximo de atenção no meu pai.
— É sério?
— Nunca falei tão sério. — Ele sorriu e me estendeu o cartão. Dava pra ver que estava fazendo de tudo para me agradar, eles odiavam me ver pra baixo. Meus pais fazem de tudo para me ver feliz, não vou mentir, eu amo isso.
— Ninguém vem para o natal? Nem o tio Alex? — O mais chato de todos.
— Nem ele. Vai vir uma nevasca e todos os voos foram cancelados até segunda ordem, então todos vão ficar em suas casas. E como fechamos um negócio importante há alguns dias, convidei meus sócios para a confraternização em família, espero que não se importe.
