18. Novas espécies (p. 1,2 e 3) 🐺

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NOSSO LOBÃO KAHLIL ESTÁ DE VOLTAAAA!!! QUERO MUITOS SURTOS COM A VOLTA DELE, VIU? (Não revisado).

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Parte 1

O mundo mudou, e praticamente virou dessa nova espécie que conhecemos como lobisomem ou homens lobos. Sim, exatamente como dos livros de histórias fictícias que mamãe contava pra mim, mas agora era real. Fazia uma década que essa espécie se revelou e tomou conta de tudo, cada estado, cada paz. Eles eram temidos e então tomaram os postos dos humanos nas cadeiras dos líderes mundiais. Tudo tinha mudado, tínhamos toques de recolher e proibição de sair nas noites de lua cheia. Tínhamos que fazer estoque de alimentos e viver reclusos durante esse tempo, o que era horrível. Sem contato com outras pessoas e nem com essas espécies, que passaram a conviver conosco no dia a dia.

Era muito estranho, pois quando tudo começou, eu era muito nova, todos achavam que iam morrer, até que veio a “proposta” deles se juntarem a nós em convivência. O que era um eufemismo, não houve proposta, houve uma invasão e fomos submetidos a aceitar essa loucura toda. Agora tínhamos homens lobos trabalhando, estudando, e fazendo tudo o que os humanos fazem. Os lobos mais novos eram os mais legais, pois tinham a minha idade e estudavam com a gente, não precisam ser escrotos e alfas como os mais velhos.

Os lobos bebês que os machos tinham com suas fêmeas cresciam em uma velocidade tão rápida que em um ano já se tornavam adolescentes depois de seu nascimento. As lobas fêmeas eram chatas e territorialistas com seus machos estranhos, achando que as humanos pudessem tomar eles delas. Como se isso fosse uma opção, eles eram estranhos demais, com seus corpos peludos, orelhas de lobo, rabo de lobo e dentes afiados. Os lobos eram musculosos, gigantes, a maioria quando chegava na juventude já passavam dos dois metrôs, e a única coisa que se pareciam com os humanos eram no rosto, no centro, na verdade, porque seus pelos iam até suas bochechas. E o físico se assemelhava também, porém as mãos com garras assustavam qualquer humano que chegasse perto de mais.

Pronta para trabalhar, já que minha família tinha pouco dinheiro e precisava de sustento, coloquei um vestido largo o bastante para disfarçar meu corpo avantajado do qual eu tinha certa vergonha. Mas nada impedia de verem minha cara larga por aí, meus braços gordos e meus pés grandes que chegavam quase ao tamanho de um pé de lobo, só que sem aqueles pelos e aquelas garras medonhas.

— Já vai, minha filha? – minha mãe perguntou da sala, estava muito velha até para se levantar, vivia no sofá vendo TV ou dormindo boa parte do dia. Eu era a filha mais nova, que ela deve tarde até de mais. Meus irmãos mais velhos já eram casados, o caçula antes de mim era o único que morava na casa ao lado. A mulher dele, como tinha bebê, ficava em casa e passava um olho em nossa mãe enquanto eu saía para trabalhar.

— Sim, mãe, te vejo a noite. — Aceno por já estar atrasada e pego minha bolsa de couro vinho no aparador perto da porta.

Quando saio, dou sorte da minha cunhada estar saindo com a bebê para pegar sol e brinco com ela um pouco, cheirando suas dobrinhas fofas e cheirando a talco. Me despeço da minha cunhado e sigo rumo ao mercado do centro da cidade, que fica quase uma hora de ônibus. Lá eu trabalho repondo produtos e às vezes ficava na parte dos laticínios para aprender e talvez mudar de setor algum dia.

Na volta para casa, percebo que tudo está vazio demais, fui uma das últimas a sair do mercado e perdi meu ônibus, só que no ponto não tem ninguém e não vejo nenhum ônibus passando. Por não saber o que está se passando, decido voltar andando, melhor do que ficar esperando um ônibus que claramente não vai passar. Vou passar muitas horas andando na rua sozinha, mas não posso perder minhas economias pedindo um táxi, ficaria muito caro, quase um rim.

Já estou cansada, ofegante, suando e com os pés doendo quando alguém começa a caminhar do meu lado, levo um susto até perceber que é Patrick, um dos lobos jovens que estudaram no mesmo colégio que eu no ano passado, último ano do ensino médio. Ele ri com os dentes caninos aparecendo e coloca as mãos no bolso das calças largas. Por eles terem corpos grandes, as roupas para essas espécies eram feitas sob medida, nenhuma loja humana fazia roupas que caberiam neles.

Tempo de DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora