JOGUINHOS | 17

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70 Horas desde o começo do assalto.
Jade | Viena

Nesse meio tempo, algumas coisas aconteceram. Como por exemplo, meu pai descobriu que Mônica estava viva, e falou "nem é o terceiro dia e ela já reviveu, um verdadeiro milagre." E a tóquio voltou, com a ajuda de Nairóbi para abrir a porta.

Já estava noite, e, todos nós estávamos reunidos na sala de comunicação, estávamos falando com professor, até que Denver solta a seguinte bomba:

— Não é querendo falar nada não, mas já falando... Hoje o Rio ficou bem puto quando a Viena ficou trancada no banheiro com o Denver. — Nairóbi diz olhando para nós dois.

Bem, Rio e eu não estávamos próximos, ele estava de um lado, e eu do outro. E eu senti seu olhar queimando sobre mim.

— O que? Claro que não! Primeiro que eu nunca ficaria com essa mulher aí, tão maluca quanto o Berlim. — Rio fala. Sinto meu coração doer novamente.

Por que para ele seria um problema ficar comigo?

De verdade, eu não ligo que ele tenha me chamado de maluca. Ele não viu a maluca ainda.

— Eu jamais teria um caso com alguém aqui dentro. — Eu afirmo enquanto bebo a minha água.

— Eu estou tendo um caso com a Mônica Gaztambide. A refém. — O que? Com uma refém?

— O que? — Moscou fala.

— Denver, caralho, ela desta doente! — Nairóbi diz.

— Ela claramente está com Síndrome de Estocolmo! — Moscou fala olhando pra o filho.

— E mesmo se estiver doente.. La fora nós iremos curar.. Nós nos gostamos. — Denver fala.

— Não, ela não gosta de você. Ela acha que gosta, mas na verdade, ela só está com Síndrome de Estocolmo. — Tóquio diz.

— Denver, você por acaso sabe o que é Síndrome de Estocolmo? — Rio pergunta.

— Não. Mas seja la o que for, nós iremos ficar juntos. — Denver responde.

— Síndrome de Estocolmo é um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amor ou amizade pelo seu agressor. — Eu respondo.

— Caralho, tu tem um google no cérebro, Viena? — Denver responde. — Mas mesmo assim.. Nós iremos sair juntos! — Denver responde e eu dou de ombros.

— Ninguém aqui dentro pode te julgar. Se vocês acham errados o relacionamento de Denver, engole esse pensamento e morra junto com ele. Mas Denver, saiba que se ela por tudo a perder.. Você está fora do plano. — Eu falo colocando ordem. — E eu não quero mais ninguém falando desse assunto! Deixem o Denver em paz. Ele já é bem grandinho pra saber o que quer, e o que não quer.

Depois disso, eu vou até o banheiro, me olho no espelho, e sinto as minhas pernas tremerem.

Todo o meu corpo tremia. Eu vou até uma das cabines, e começo a chorar e ficar sem ar. Era como se eu nunca fosse dar certo com ninguém. E eu digo isto por causa de Denver? Não, eu digo isto por causa de Rio.

Ele falou nitidamente que não ficaria comigo, na frente de todos. Mas para mim ele fala que me ama? Isso não faz sentido algum.

Ele apenas está fazendo um joguinho comigo. Ele não me quer verdadeiramente. Só quer saber que venceu.

Eu começo a chorar mais, e isso acaba se tornando uma mistura de sentimentos, eu não estava mais chorando apenas por conta de Rio, eu estava chorando também por conta do meu pai.

Eu sabia que, as chances de eu conseguir vê-lo novamente, depois do assalto, seria muito difícil, ele tem menos de quatro meses de vida. Eu o amo tanto.

Depois de chorar, feito uma criança, eu sai da cabine, e lavei o meu rosto, ninguém sabia, mas, dentro do bolso do meu macacão, eu guardava um colírio e um corretivo.

Eu coloco o colírio em meus olhos, e passo o corretivo em baixo dos olhos e em volta do nariz, pois, quando eu choro, meu nariz fica igual um tomate.

Quando eu me olho no espelho, eu me sinto incompleta. Eu nunca poderei amar? A pessoa que eu mais amei em toda a minha vida, morreu. E agora, o homem da minha vida, meu pai, tem menos de quatro meses de vida.

E não posso ter filho. O amor mais sincero, eu nunca poderei ter.

Caralho, eu realmente devo ser uma filha da puta, eu não tenho nem o direito de amar alguém. Meu destino é morrer sozinha.

O que não é um problema, já que, eu nasci sozinha, e irei morrer do mesmo jeito. No caixão so tem espaço para uma pessoa.

Enquanto eu me olhava no espelho, com esses milhões de pensamentos, eu me imagino grávida. Até que eu seria uma mãe bonita. Era meu sonho ter uma família, com o Rio.

Depois disso, eu desço até o salão principal e volto a minha postura normal.

LA PASIÓN DEL NIÑO - Rio & VienaOnde histórias criam vida. Descubra agora