Terminei de me vestir e retoquei o batom em um tom rosado em meus lábios para adicionar uma cor a mais, o que se destacou ainda mais com minha pele extremamente clara.
Não sei nada sobre a minha origem, nunca consegui descobrir nada sobre meus pais biológicos, mesmo que pessoas albinas como eu não fossem encontradas em todo lugar. Encarei meus olhos no espelho, eles são tão claros quanto meus cabelos brancos que se pareciam com o gelo de uma nevasca com alguns traços em azul claro, minha aparência não me deixava passar despercebida por nenhum lugar em que passava.
E aqui estava eu, vestida com shorts vermelhos e uma meia calça preta, uma regata combinando com o short no mesmo tom e uma jaqueta preta por cima, pronta para pular a janela da biblioteca com Emiliana para escaparmos para uma balada que ela havia visto no Instagram. O maior objetivo do momento era sair, se divertir e retornar sem sermos vistas ou pegas. Principalmente por Sr. Antonella.
— Você está me ouvindo? — A voz de Emiliana me tirou dos devaneios.
— Desculpe, o que disse?
— Coitadinha. — Emiliana fez um biquinho me olhando e inclinou a cabeça para o lado. — Tão nova e vive em outro planeta. — A menina balançou a cabeça em negação. — Você é delicada de mais para ir parar na ala psiquiatra.
— Não seja boba! — Dei um leve empurrão no seu ombro. — Podemos ir?
— Foi exatamente o que perguntei!
— Então vamos. — Peguei meus calçados e caminhei com eles em mãos até a porta.
Passamos pelo longo corredor escuro dos quartos nas pontas dos pés e devagar, suspiramos aliviadas por conseguirmos chegar até a biblioteca, e ela estava tão silenciosa quanto o restante da grande casa.
Atravessamos o cômodo o mais rápido possível até a janela, abrimos e passamos por ela, limpei a grama seca que grudou nas meias antes de calçar os sapatos.
Olhei para Emiliana que fazia o mesmo, seus cabelos lisos e castanhos estavam soltos com algumas tranças largas, ela fez uma maquiagem que realçava sua pele bronzeada e seus olhos brilhavam de empolgação.
Soltamos uma risada baixa antes de saírmos correndo até a rua, só paramos de correr quando vimos que já estávamos a alguns quarteirões de distância do orfanato.
— Bom, até que a saída foi mais fácil. — falei assim que paramos para recuperar o folego.
— Agora só basta nos divertir! — Emiliana respondeu empolgada e pegou o celular e me mostrou a tela. — Já chamei um motorista para nos levar.
— Tomara que ele não demore.
— Está tão ansiosa assim para pegar alguém?
— Não pegar alguém, mas sim beber até não conseguir ficar em pé! E sim pegar alguém também. — Ela revira os olhos sorrindo.— Essa semana foi puxada e aguentar Sra. Antonella não foi nada fácil.
— Isso todas as meninas do orfanato concordam com você, até às mais insuportáveis.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Através do Espelho
FantasyPenellope mora em um orfanato com algumas regras um tanto rígidas. Após um incidente do sótão do orfanato ela vai parar em um lugar totalmente diferente e estranho. Por lá ela conhece algumas pessoas um pouco diferentes e assim formam um laço, Penel...