Abri meus olhos devagar, a iluminação estava fraca, uma luz amarelada. Senti dores pelo meu corpo, eu havia corrido tanto que meu corpo estava sentindo tudo agora e estava... quente, não estava mais naquele frio congelante.
Encarei o teto de madeira, eu estava deitada em uma cama, e a cama estava tão macia comparada a minha cama do orfanato, e quente, vários cobertores grossos estavam sobrepostos sobre mim. Olhei a minha volta, uma meia parede de madeira se erguia a alguns metros da cama, uma cortina entreaberta dava seguimento a mesma separando dos outros cômodos, entre a pequena abertura pude notar que era uma sala, parecia uma cabana, havia poucas coisas nesse quarto, somente alguns livros desgastados, na parede com algumas adagas e arcos e uma poltrona desgastadas em um canto.
— Você está acordada! — Uma mulher de pele negra e orelhas pontudas entrou pela cortina.
A mulher tinha uma pele negra brilhante, longos cabelos decorados com argolas e outros acessórios ao meio de tranças, e os olhos dela, um era em um tom dourado e o outro tinha uma cor cinza.
— Onde estou? — Foi a primeira coisa que perguntei assim que a mulher se aproximou.
— Você está nas redondezas de Bellmoor.
— Onde? — Minha voz saiu mais aguda. — Tenho que voltar para o orfanato em Los Angeles. — Empurrei as cobertas um pouco para baixo, e me levantei, me sentando. — Sr. Antonella vai me matar quando ver que eu não estou no sótão.
— Los Angeles? — Perguntou a mulher com a voz suave. — Você está bem longe de casa.
— Muito longe? Quanto? — Perguntei lentamente.
— Muito longe. — Ela afirmou. — Bellmoor tipo em outro mundo, bem longe da Terra.
— Como assim outro mundo? Como isso é possível? — O pânico era bem notável em minha voz.
— Parece que temos muitas coisas para lhe explicar.
— Uma explicação seria de grande ajuda. Eu acho. — Olhei para as minhas mãos sobre meu colo.
— Você não se lembra?
Apenas neguei com a cabeça. Pensei mais um pouco sobre, mais nenhuma memória vinha a minha cabeça além de estar correndo de algo perdida ao meio do gelo.
— Não consigo me lembrar.
— Meu irmão saiu para caçar, ele chegou primeiro que eu, ele sabe melhor sobre o que aconteceu.
— Caçar? Vocês caçam por aqui?
— Estamos em uma cabana de caça, aos pés das montanhas dos picos congelados, viemos aqui para nos afastar um pouco da cidade grande. Nosso pai exige muito de nós, sendo assim sempre é bom ter um lugar para que podemos nos refugiar e fugir um pouco das responsabilidades.
A porta se abriu nesse momento. Um homem alto passou em frente a abertura da cortina, pude ver que ele carregava em seu ombro um cervo ensanguentado.
— Kayden a moça que encontramos acordou.
— Que bom, espero que não esteja enchendo tanto a ponto de não perguntar seu nome a ela. — Falou ainda de costas e colocou o cervo sobre a grande mesa de madeira em um estalo.
— Só porque não perguntei o nome dela não quer dizer que estava a enchendo, estava respondendo as perguntas dela. — A mulher se virou em minha direção novamente. — Me chamo Serafyna. — Ela apontou para o irmão por cima do ombro. — Aquele é meu irmão Kayden.
O homem ainda de costas retirou o grosso casaco cheio de neve e manchado com o sangue do cervo e o jogou em um canto no chão ao lado da porta que a poucos minutos havia passado. Podia notar que ele ainda vestia várias roupas, retirou mais outro casaco, dessa vez mais fino. Ele ficou com apenas uma blusa de mangas compridas que marcava todos os seus músculos dos braços e suas costas largas.
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Através do Espelho
FantasíaPenellope mora em um orfanato com algumas regras um tanto rígidas. Após um incidente do sótão do orfanato ela vai parar em um lugar totalmente diferente e estranho. Por lá ela conhece algumas pessoas um pouco diferentes e assim formam um laço, Penel...