q u a t r e

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Pelo preço certo, todos são criminosos

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Pelo preço certo, todos são criminosos.

Ada sabia que alguns navios de carga que partiam de Riga levavam pessoas ilegalmente para outros países desde que pagassem um valor exorbitante. Ela não podia se dar ao luxo de pegar um avião ou um trem como as pessoas normais, pois sabia que todos estavam vigiando atentamente para encontrá-la, além disso, seu destino era duplamente assistido.

Escolheu as roupas mais limpas que tinha e carregou apenas uma única mala consigo. Não tinha quase nada no interior, mas as pessoas tendem a encarar mais quem viaja de mãos vazias. Ela precisava do máximo de discrição possível.

— O seu navio vai sair às vinte e três horas. Chegue trinta minutos antes e embarque pela última entrada — o homem falou e Ada consentiu.

Não faltava muito tempo, então ela não se afastou do porto.

A região era bastante comercial e pequenos vendedores estavam ao redor. Ada aproveitou para comer algo e comprou também algumas barras de cereal para comer durante a viagem.

Enquanto esperava, avistou uma pequena barraquinha de produtos artesanais. Ela se aproximou ao ver as porcelanas bonitas e sorriu ao ver o jogo de xícaras decoradas. Eram todas douradas com belas flores pintadas por dentro e por fora.

— Gostou, senhorita? Foram pintadas à mão — o vendedor sorriu e se aproximou, tilintando com o som dos adornos metálicos que usava nas roupas.

— São lindas — ela sorriu.

— Leve para a senhora. Combina com a sua elegância — ele tinha uma lábia doce e persuasiva. — Para tomar um chá fresco quando o verão chegar, sim?!

— Ou um chá quentinho antes de dormir.

— Ah, não, não, senhorita. Essas xícaras são para o verão — ele pegou uma não mão e a usou para explicar. — A pintura é muito delicada. Se colocar chá quente, os desenhos vão sair aos poucos. Precisa ser sempre frio, aí pode usar à vontade.

Por um instante, Ada pensou que aquela não era uma ideia muito sábia para xícaras, mas logo sua mente brilhou com uma ideia.

— A tinta é à base de solvente? — Perguntou a mulher.

— Sim, mas desde que o chá seja frio, não lhe fará mal, eu garanto.

Ela gastou o pouco dinheiro que tinha comprando um jogo com duas xícaras pintadas à mão. O homem as enrolou e guardou numa caixa para que a porcelana não se partisse no caminho, em seguida, Ada seguiu seu próprio rumo com um sorriso maldoso no rosto.

[...]

O balanço do navio enjoava, mas era o som constante do ferro rangendo que fazia Ada querer se jogar no mar.

Bordeaux - Sablier RougeOnde histórias criam vida. Descubra agora