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Lyon

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Lyon

Três dias depois da reunião, Ada estava pronta para embarcar num trem que a levaria até Paris.

Caminhava com tranquilidade. Calças jeans, uma camisa branca, tênis claros e o mesmo sobretudo preto de sempre. Na mão um café e atrás dela o pobre Bernard carregando a mala.

Senhorita, eu não já paguei meu favor?

Pagou, Bernard, mas se ficar longe de mim, vai morrer. — Ela justificou e tomou um gole. Estava docinho.

Por um instante, ignorou tudo o que Bernard falava e se viu encarando a bebida na mão. Lembrou-se dos tempos na casa da Canis Major. O café lá era tão diferente, mas mesmo assim sentiu uma nostalgia revirar-lhe o estômago.

Como será que estava a casa? Ainda moravam lá? Aquele maldito microondas ainda precisava de tapas para funcionar? Ainda tinha a campainha?

Senhorita, o trem. — Bernard chamou a atenção de Ada e ela voltou para o presente.

Os dois caminharam até a entrada correta e embarcaram. Buscaram pela própria cabine até que Ada puxou Bernard para uma qualquer.

Senhorita, a nossa é a última do...

— Sh! — Ela cobriu os lábios dele com o dedo indicador e se sentou. — Finja costume, Bernard.

Ele concordou com a cabeça e colocou a mala no local indicado. Sentaram-se um de frente para o outro. O trem ainda estava parado e só partiria em alguns minutos, entretanto, Ada não sabia quanto tempo tinha até que os verdadeiros donos da cabine aparecessem.

Escuta, Bernard. Nós dois estamos juntos nessa.

— O que? — O coitado parecia aterrorizado.

Você tem família ou alguém que precisa proteger?

— Tenho uma irmã...

— Ok. Assim que possível, vamos atrás da sua irmã. — Ada esticou o corpo e se aproximou dele. — Não confie em Laurent, ele não é confiável. Eu tenho certeza que ele me vendeu para a Hidra e, a essa altura, todo mundo já deve saber que você me ajudou a entrar em contato com ele.

— Mas eu só estava cumprindo um favor! — Soou melancólico e choroso.

Eu sei, mas eles não vão se importar com isso. Ou continua comigo, ou vai se tornar uma marionete da Hidra... e eles não vão ser gentis com a sua irmã.

Ele engoliu em seco e repensou todas as próprias escolhas. Uma única frase dita anos antes foi o motivo de sua ruína.

Ada sabia que não era justo com o rapaz, mas, infelizmente, era assim que aquele mundo funcionava. A maior gentileza que ela poderia fazer era manter-se ao lado dele até que pudesse fazê-lo fugir escondido. Bernard não era um grande perigo para a Hidra, seria facilmente esquecido quando Ada começasse a causar o suficiente. Era só questão de tempo.

Bordeaux - Sablier RougeOnde histórias criam vida. Descubra agora