[Livro 03] [Dark Romance]
Três anos se passaram desde os eventos traumáticos que forçaram grandes mudanças no submundo. O posto de Sirius foi assumido por outro Ikari, e Ada continua desaparecida. A Hidra parece cada vez mais forte, e todas as noite...
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24 de dezembro de 2022 - início da noite
Jez foi a primeira a sentir o cheiro de queimado.
Enquanto Hanna estava no telefone com Sora, recebendo as boas novas, Jez pensou que alguém havia esquecido o forno ligado, e então, viu a fumaça cinza do lado de fora da varanda. Forte demais para pertencer a um forno apenas.
— Hanna... acho que a Hidra nos achou. — Foi tudo o que ela disse, elegante e calma enquanto bebericava sua xícara de chá.
Sirius então olhou para fora e viu a cortina de fumaça subir e sumir em meio à nevasca. O curto período de calor já havia desaparecido completamente e a neve voltou a cair com força. Ela deu um longo suspiro e se levantou, caminhou até a varanda e espiou apenas para ter plena certeza de que não era possível enxergar nada lá embaixo.
Voltou calmamente para o interior do Céu, foi até a sala de câmeras de segurança e viu uma porção de pessoas se aproximar de todos os cantos.
— Puta que pariu...— Argus Yamazaki suspirou ao ver tamanho problema.
— O Takumi foi pego. Eles não são tão fieis assim a ponto de fazer tudo isso por seus líderes. Por que vieram? — Jez perguntou, adentrando a sala.
Todos numa calmaria infinita, fingindo que o prédio em que estavam não estava em chamas apenas alguns andares abaixo.
— Ayaka ainda está lá fora, mas não sabemos onde. — Hanna suspirou. — Ela pode estar controlando alguns deles ainda, não tem como saber com certeza absoluta.
— Onde é que essa vaca se enfiou?
— Eu acho que sei pra onde ela vai. — Souta apareceu na porta.
Ele sabia que não era o homem que detinha a maior confiança da Sirius, entretanto, passou tempo demais vivendo passivamente naquele universo. Seu coração justo não queria ser o dono das mãos que tirariam a vida de Ayaka Ono, a mulher que um dia foi sua amiga o suficiente para entrar num casamento de fachada. Entretanto, as ações dela não eram mais justificáveis.
— Eu tenho um barco no porto da baía de Tóquio. Faz muito tempo que eu o abandonei, mas acho que ela pode considerar ir para lá já que não tem outra saída.
— Por que não nos contou antes desse barco? — Hanna perguntou, os braços cruzados e o semblante confuso.
— Porque não é uma fuga inteligente. No máximo ela consegue ir para as cidades do outro lado da baía. Cidades em que alcançamos facilmente. Além disso, Ayaka odiava aquele barco. Se ela fosse fugir, tentaria um caminho direto para fora do país.
— Ela acabaria denunciando a própria posição sem necessidade. — Jez concordou. — Faz sentido ela não ter procurado esse barco antes.
Hanna então deu dois passos na direção de Souta e parou de frente para ele. Alguns palmos mais baixa, mas sua aura a mantinha superior. Olhou profundamente nos olhos dele e não encontrou nenhum sinal de covardia ali.
