Desviar de tiros no meio de uma tempestade de neve não é uma tarefa fácil, portanto, não demorou para Sora acabar derrapando na pista e os dois caíram de moto.
Ada saiu rolando pelo chão, sentindo seu corpo inteiro doer, com menção honrosa para o braço e o nariz, ambos machucados e com ferimentos pesados. Caída na neve, tentou se levantar, mas o braço fraquejou. Antes que pudesse se apoiar novamente, sentiu Sora agarrando-a pelo braço direito e puxando-a para cima.
— Você tá bem? — Ele perguntou, a respiração ofegante e pesada.
— Sim. — respondeu, ainda ansiosa e confusa com tudo o que tinha acontecido.
— A gente precisa correr. Vem.
Sora então a segurou pela mão e disparou na direção do prédio que foi o objetivo de Ada. Os dois corriam lado a lado, tiros sendo disparados na direção deles e gritos com ordens de morte.
Assim que se aproximaram, Sora chutou a porta, arrebentando a entrada. Ada ergueu a arma e rendeu todos os civis. Em meio a gritos e ameaças, mandaram todos para fora, expulsando-os. Não haviam muitos, porém, o que era um alívio.
Ada fechou as portas e Sora derrubou uma das estantes de ferro, criando uma barricada.
Foi só quando ele arrancou o capacete que os olhos dela finalmente compreenderam que era realmente ele! Era Sora Ikari, de verdade! O coração dela palpitou e o frio que sentia parecia um pouco mais tolerável, embora a ansiedade ainda corroesse todo o peito dela. Não tinham tempo para conversar, precisavam sobreviver.
— Você precisa cuidar desse braço.
— Sora, Sora, me escuta! — Ada tocou no rosto dele, sujando-o de sangue acidentalmente. — A Ayaka tá aqui.
— No porto? Eu sei.
— Nesse prédio. — A revelação dela o fez respirar fundo. — Eu estava vindo pra cá justamente pra... pra matar ela.
Os dois trocaram um par de segundos de olhares, sentindo um furacão dentro de cada peito, as almas gritando em agonia e confusão de sentimentos. Ele entendeu tudo numa questão de instantes, mas ainda ansiava por outras respostas.
Depois de tanto tempo eles finalmente estavam juntos, mas não tinham tempo para conversar. Sora se arrependeu de ter sido tão covarde por tanto tempo ao perceber que aquela conversa talvez nunca acontecesse. Eles poderiam não sobreviver a um ataque daquele porte.
— Vem. — Sora falou, novamente tomando-a pelo braço e puxando-a para o interior do prédio.
Eram seis andares e eles subiram dois. Atravessaram o corredor até chegar numa sala vazia para se esconderem. Novamente Sora bloqueou a entrada com uma estante e eles mantiveram tudo escuro para não correrem o risco de serem encontrados.
Respiraram fundo e aproveitaram os poucos instantes de silêncio que tinham.
— Eles não vão chegar chutando as portas, não de primeira. — Ada falou e gemeu de dor. — Eles têm medo de mim. Do que eu posso fazer.
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Bordeaux - Sablier Rouge
Romance[Livro 03] [Dark Romance] Três anos se passaram desde os eventos traumáticos que forçaram grandes mudanças no submundo. O posto de Sirius foi assumido por outro Ikari, e Ada continua desaparecida. A Hidra parece cada vez mais forte, e todas as noite...