q u i n z e

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Oceano pacífico

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Oceano pacífico

O balanço do navio estava começando a se tornar uma constante para Ada.

Encostada nos confins de um contêiner, entrou escondida através das trambicagens de Kuro e havia zarpado em direção ao Japão. Se tudo desse certo, chegaria ao país ao cair da noite.

Esfregou o rosto com as mãos e encarou as unhas roídas e sujas. A vaidade ficou de lado há muito tempo, mas ela ainda sentia falta, pelo menos um pouco. De olhos fechados, aninhou-se um pouco mais dentro dos trapos velhos que usava como cobertor para poder se aquecer, afinal, o alto mar era tão gelado que doía os ossos.

Aparentemente era um navio de mercadoria para o comércio. Todo tipo de trambolho estava ali para ser revendido.

Senhorita, trouxe café. — Bernard apareceu com uma caneca em mãos que fumegava e exalava um cheiro delicioso.

Não sabia onde ele tinha arrumado aquilo, afinal, estavam todos escondidos, mas agradeceu e bebericou a bebida, sentindo o interior esquentar gradualmente. Ada gostava tanto do calor.

Fechou os olhos novamente e se aninhou um pouco mais, quase virando uma bolota de trapos de tanto que desejava se aquecer, visto que os respingos vindos da popa vez ou outra acertavam-lhe a face. Não muito longe dali, Bernard se aproximou junto de uma garota um pouco mais jovem, a irmã dele.

Resgatá-la não foi difícil. A Hidra estava em movimento (e Ada suspeitava que partiam para o Japão) e o império Ikari parecia cada dia mais desinteressado de Paris. Os inimigos mais formidáveis que ela tinha na França eram os lacaios de Elliot, mas nenhum outro membro do Projeto Legião apareceu, então foi fácil atrair a jovem Francesca para fora de Paris e resgatá-la em segurança.

Já sabem para onde vão? — Ada perguntou ao ver o sol sumir no horizonte. Estavam perto.

O senhor Yukio disse que tem um novo navio esperando por nós. Parte para a Austrália.

— Recomece a vida, Bernard, e fique o mais longe possível de toda essa merda.

— Sim, senhora.

Ela notou o semblante feliz no rosto dele. Era o sorriso de quem tinha esperança. As coisas seriam diferentes dali para a frente, não tinha dúvidas disso.

Ada encostou a cabeça no metal atrás de si e bebeu mais um gole de café, deliciando-se com o calor. Será que ainda havia alguma esperança para ela? Já tinha desistido de uma história feliz ou minimamente agradável. Só torcia para não acabar morta numa prisão russa em pleno inverno. Sabia que se Elliot a pegasse de novo, comer carne de cachorro seria a mais leve das coisas que ele faria com ela.

A buzina do navio soou forte e os três se colocaram de pé rapidamente.

O porto não estava longe, mas eles precisavam se preparar. Não poderiam ser vistos de forma alguma, afinal, Ada duvidava muito que Hanna Ikari não estivesse de olho em cada entrada daquele país.

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