t r e n t e - t r o i s

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24 de dezembro de 2022

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24 de dezembro de 2022

Os olhos de Takumi se abriram lentamente, o corpo dolorido implorava pela piedade da morte, mas ele sabia que não chegaria nem tão cedo. Não podia esperar por misericórdia, pois não ofereceu nenhuma quando teve a chance.

A escuridão do local era quebrada por pequenas frestas de luz que emergiam de fissuras nas paredes e no telhado do galpão. Infelizmente, Takumi conhecia muito bem aquele lugar. Aquela sala apertada, a mancha de sangue velha e a que era um pouco mais recente.

Takumi estava preso no mesmo galpão onde manteve Mizuki Akiyo em cativeiro por vinte e quatro horas.

Talvez por desejo de ressignificar o lugar. Talvez pelo ardente desejo de vingar-se com os princípios da lei de talião. Talvez pela raiva acumulada durante todos estes anos. Takumi não sabia qual era o motivo que levou Sora a escolher justamente aquele lugar para prendê-lo, mas era cruel. Yoshida nunca pensou que algum dia se sentiria mal por estar ali.

Em todos estes longos onze anos, ele nunca se arrependeu. Não houve uma noite em que ele teve dificuldade para dormir ou que o rosto da garota assombrou seu sono. Ele nunca sentiu nada por ela. Nada além de satisfação por ter destruído Sora de forma tão intensa, porém um pouco de raiva de não ter sido descoberto. A verdade é que Takumi queria um confronto direto na época. Queria ver Sora transtornado para roubar o império para si.

Mas claro que a polícia tinha que intervir e atrapalhar os planos dele. Contudo, Takumi sempre foi muito bom em se adaptar às mudanças, e assim foi com o submundo. Criou seu império chamado Hidra, a maior constelação do céu, porém, não brilha. Não os viam, estavam escondidos, à espreita. Tinham tudo para ser o maior dos desastres que o céu do submundo já viu.

Por alguns instantes, Takumi tinha tudo nas mãos.

Sua ânsia por poder crescia a cada dia e ele não se importava nem um pouco com o que tinha feito ou com quem precisou matar. Nunca foi do feitio dele chorar pelos mortos.

Até aquele momento.

Estar naquele galpão o fazia lembrar dos gritos da garota enquanto era torturada. Ela, que lutou bravamente para não demonstrar fraqueza, nunca duvidou que Sora chegaria a tempo para salvá-la.

"Ele vai chegar e vai fazer muito pior com você! Quando o Sora colocar as mãos em você, você vai pagar por tudo!" Mizuki gritava. Dor, desespero e raiva. Ela tinha tanta fé nele. Takumi riu muito quando a garota morreu. Toda aquela fé foi em vão.

E agora? Quem era o assombrado? No fim, Mizuki tinha razão. Ela nunca falou que ele a salvaria, ela gritou que ele se vingaria. Teria ela já aceitado a morte? Takumi nunca considerou aquela possibilidade, entretanto, agora que era ele quem estava sentado no escuro daquela sala malcheirosa e abafada, a falta de esperança parecia muito mais palpável e crível do que qualquer outra crença.

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